domingo, maio 31, 2009

Verdade ou Consequência

A verdade é só uma ou pode ter muitas matizes e versões ? A verdade é um valor inquestionável ou apenas uma característica como muitas outras ? Deve a verdade ser sempre dita ou nalguns casos pode ser ocultada ?
Sei que devemos orientar a nossa vida pela verdade e pela rectidão, mas pergunto se por vezes, não é preferível a omissão, não a mentira, para evitar conflitos e situações menos agradáveis ? Genericamente, todos nós temos os nossos pequenos ou grandes segredos, as nossas omissões e os nossos medos e fantasias, que precisamente por isso, estão guardadas e são protegidas por nós próprios.
Se muitas vezes nem sabemos a verdade acerca de nós próprios, como podemos discernir essa mesma verdade em muitas situações e avaliar o impacto da mesma, sem a devida capacidade de análise e de introspecção.
E como saber qual a verdade "certa" se a avaliação difere de pessoa de pessoa e depende da personalidade de cada qual e do seu percurso de vida. Não falo de verdades absolutas, como a Amizade, o Amor, a Honestidade, que são valores fundamentais como muitos outros, mas falo sim de verdades relativas do nosso dia a dia e ai a distinção entre o certo e o errado, a verdade ou a mentira/omissão é bem mais difícil e complicado.
Ao longo da minha vida e fruto dessa mesma vida, habituei-me a ter várias máscaras de acordo com o momento e as pessoas presentes e isso obrigava, muitas vezes, a omitir e não contar a verdade, não só como mecanismo de defesa, como também como "protecção" das pessoas. Mas a realidade é que, independentemente das pessoas ou situações, a verdade tende a ser só uma e mais cedo ou mais tarde, ela vem sempre à superfície. Por isso e no meu presente, penso que uma política de verdade na nossa relação com as pessoas e, sobretudo com quem nos é querido, é fundamental e aí está uma enorme e grande diferença entre o que sou agora e o que era, antes de iniciar o meu percurso analítico. Claro que ainda não o consigo na totalidade, mas o facto de já ser capaz de ter a mesma verdade para todos é uma enorme evolução.
Será estranho o que estou a escrever ou fará sentido para quem me lê ? Neste caso concreto, gostava mesmo que me comentassem e me dessem a opinião as pessoas que me lêem, porque será esta diversificação da verdade só me acontece a mim ou é geral a todos. Porque é que, actualmente, o esconder de verdades ou a omissão de factos me deixa angustiado e preocupado, se antigamente esses eram os meus procedimentos correntes ? Será isto uma evolução da pessoa, um ajustar de coordenadas normal ou um procedimento derivado da experiência de vida ? Seja o que for, é algo que me deixa mais tranquilo e que, para mim, constitui algo de muito positivo. Mas gostaria de ouvir comentários...
E nesta positividade, vou tomar um café com um enorme e luminoso SORRISO, cheio de PAZ e HARMONIA, mas hoje também acompanhado dum sentimento de perda pelo nosso gato Rafael, que chegou ao fim dos seus dias.

3 comentários:

Anónimo disse...

Olá!

A VERDADE, não deve ser calada ou abafada.

Citando Francis Bacon;

"Nenhum prazer é comparado ao de sentir-se poderoso na posição vantajosa da VERDADE".

Não obstante, quanto a mim, nem sempre a verdade, verdadeira, aquela que nada fica a dever à veracidade dos factos, é a mais aconselhável.

Se dissermos a uma pessoa deprimida, pelo seu aspecto menos vistoso, que não está nos melhores dias ou com o melhor visual, certamente não estaremos a contribuir para elevar a sua auto-estima, quando ela luta por isso desesperadamente.

A verdade, visa contribuir para manter a sanidade organizacional da estrutura que sustenta a vida em sociedade.

Devemos ser sensatos, não omitir factos relevantes quando os mesmos significam a diferença entre vida e morte e liberdade ou presídio.

Devemos ser sensatos e não dizer verdades que não contribuindo para a felicidade do próximo, não constituem por si só, omissões ou mentiras prejudiciais.

Dizer; "estás tão gorda", quando sabemos que a amiga está em dieta altamente restritiva, será a melhor forma de ajudar?

Todas estas dissertações, são opiniões meramente pessoais.

Eu, minto todos os dias e muito.
Mentiras piedosas!
Se assim não fosse.........?!

Contudo, resguardo-me constantemente de olhares curiosos quanto à minha própria personalidade.
Gosto de ser misteriosa!
Isto é mentir?

Nunca devemos dizer ou ensinar, tudo quanto sabemos.
Os segredos, são isso mesmo e, desde que não interfiram ou impeçam a progressão normal dos acontecimentos, são trunfos!

Bom "Sunday"

A Cinderela

Ivo Afonso disse...

É costume dizer-se: “a verdade libertar-te-á”. Será este postulado uma verdade absoluta? Ou pelo contrário, em certas e determinadas circunstâncias devemos omitir (ou até mentir – a chamada mentira piedosa) para bem daqueles que nos são importantes? Pela minha parte advogo o princípio da verdade. No entanto deveremos ser cautelosos na maneira como a apresentamos. Com isto não quero implicar a subversão da verdade mas sim ter em atenção o modo de a apresentar e as circunstâncias em questão. Fazendo minhas as palavras da Cinderela, “se dissermos a uma pessoa deprimida, pelo seu aspecto menos vistoso, que não está nos melhores dias ou com o melhor visual, certamente não estaremos a contribuir para elevar a sua auto-estima, quando ela luta por isso desesperadamente.” Se não o dissermos, provavelmente vamos considerar que estaremos a proceder correctamente. No entanto não estaremos também a contribuir para que essa pessoa viva uma ilusão?

Anónimo disse...

Olá Ivo Ricardo,

Pergunta pertinente a sua.
E com que razão!!!
Quantas vezes me interrogo acerca do comportamento correcto a adoptar, perante tais situações.

No caso exemplificado, meramente como ponto de discussão, e a considerar semelhante situação, ponhamos em foco o facto da pessoa saber, de antemão, a sua condição física.
Daí estar, desesperadamente, a lutar por melhorar.
E tem espelhos!
Assim, ainda que não mentindo, subvertendo a verdade, tenhamos dado alento na dura caminhada, impelindo-a a continuar.
Era como se disséssemos a um alpinista em início de actividade; nem penses, jamais conseguirás atingir o topo. É só para alguns!
E o esforço?!

É difícil de ajuizar, em casos que podem parecer de somenos importância, o emprego da verdade absoluta.

Sempre ouvi dizer que a verdade dói!

Neste exemplo, como em muitos outros, sou sempre convidada, pelo meu psíquico, a agir da forma menos dolorosa.

Ficará eternamente a dúvida quanto à forma de actuação.

Tem razão o Ivo quando refere o emprego da cautela. Nunca fez mal a ninguém!

Daí a razão da existência das omissões.

É difícil.

A Cinderela