Se há alguma coisa que me possa definir é mesmo a minha eterna contradição interna e a minha insatisfação permanente. A minha dualidade entre o ser racional, consciente e reflectido e o menino birrento, mimado, inconsciente, não conhecedor dos seus limites e imensamente controlador e muitas vezes excessivo nos seus comportamentos.
Esta dualidade e contradição faz com que me sinta cansado, muitas vezes farto de mim próprio e com uma enorme vontade de mudar, mas mudar duma forma radical, completa e total; ficar diferente, ficar capaz de agir apenas com a razão e com o pensamento e não refugiar-me no passado.... nem querer que esse passado seja reescrito da forma que o faço e que tendo a dourar duma forma errada e confabulatória.
Por acaso agora dizeram-me uma coisa que deve ser bem verdade: " já tens tantos problemas, que não necessitas de comprar/arranjar outros" e talvez seja mesmo assim, mas não deixa de ser duro de ouvir porque eu não gosto nem queria dar essa impressão para o exterior. O maior problema que tenho sou eu próprio e a minha maneira de estar neste dia a dia.
Sinto-me cada vez mais cansado com estas contradições internas, bem como com a minha dependência do exterior, como se eu não fosse suficiente para mim mesmo e para aquilo que sou e quero ser. Parece que tenho que ter sempre uma muleta e outras pessoas para "descarregar" as minhas falhas, as minhas frustrações e até a minha falta de coragem para seguir o meu caminho e conseguir ser o homem maduro, completo e feliz que quero ser.
Ando por atalhos vários a fugir de mim próprio, em vez de ser directo, objectivo e assertivo como tenho e devo ser.... mas alguma vez conseguirei atingir um patamar diferente, um comportamento "normal" e não um comportamento obsessivo-compulsivo que me irrita e me faz sofrer ??
A temática da sessão de hoje foi o cansaço que sinto por ver aquilo que sou e que não consigo mudar da maneira que quero e gostaria. Ou seja, duma forma mais célere e concreta e não neste constante ziguezaguear que me vai consumindo lentamente e não me deixando espaço para me libertar das máscaras negras e pesadas que ainda tenho. Apesar de estarem a cair e a diminuir, a existência desta espécie de buracos negros na minha pessoa, fazem impacto e apenas um domínio forte do pensamento faz com que não desespere e entre de novo numa trajectória bastante complicada, com ideias e tendências estranhas.
É uma etapa para vencer e conseguir, efectivamente, ultrapassar os meus medos, as minhas resistências, o meu apego a rituais e a obsessões e duma vez por todos deixar os meus jogos florentinos. E mais importante ainda conseguir ser FELIZ e ter sempre um SORRISO luminoso, pleno e interiorizado.
A vida é feita por nós, para nós e connosco mesmos, visto que se não estivemos bem connosco próprios não o conseguiremos estar com mais ninguém... é essa verdade é realidade que devo e tenho de entranhar e fazer lema disso mesmo.
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