domingo, outubro 07, 2012

(Ainda) Fim de Semana

Ontem tivemos um jantar bastante agradável e descontraído, com um reviver do passado e um esclarecimento acerca desse mesmo passado.
É curioso o desconhecimento de muitos factos e acontecimentos passados na família e na sociedade e sobretudo a falta de ideia da enorme evolução que houve nestes últimos anos. escrevi progresso, mas nem sei bem se foi mesmo progresso ou se foi apenas o natural evoluir da Humanidade.
De qualquer forma, a verdade é que as gerações mais novas e falo dos meus filhos e sobrinhos não fazem ideia de como era a vida há 30 ou 40 anos, para já não falar nos idos do século passado, nas décadas de 1920/30. São conceitos e ideias que têm imensa dificuldade em perceber e entender, porque são à luz do presente, completamente anacrónicas e arcaicas.
O papel da mulher era completamente subalterno nessa altura e estava nas mãos do Pai, irmãos ou marido, sem qualquer autonomia ou vontade própria. Daí tantas ocorrências e factos incompreendidos e mal interpretados.
Também não conseguem perceber a vida sem computadores, telemóveis, skipe e outras tecnologias que nos facilitam a vida, nos aproximam uns dos outros e fazem deste mundo, uma aldeia global. Lembro-me de ficar deslumbrado com as minhas  primeiras idas ao estrangeiro, pela abissal diferença existente a todos os níveis.
Agora todos ( ou quase todos) os lugares se assemelham porque estamos na tal aldeia global, em que vivemos e temos acesso a quase tudo. Antes sabia de cor, moradas, telefones, datas e outros factos importantes, que agora estão guardadas nas agendas electrónicas e em todos os artefactos que temos.
Reparei, por exemplo, que estavam a combinar uma saída e ponto de encontro para a noite, o que na minha adolescência era impossível por não haver telemóveis e por isso as combinações eram feitas por telefone fixo ou antecipadamente e não podiam ser desfeitas ou alteradas em cima da hora porque não havia maneira de comunicar.
Também as deslocações eram bem mais morosas e aborrecidas, porque se ainda há umas semanas fomos a um almoço à quinta dos meus tios, perto da Guarda, e fomos e viemos no mesmo dia, há umas décadas quando íamos lá passar férias levavámos um dia inteiro a viajar, saindo bem cedo de Lisboa.
Igualmente, quando começamos a ir para Sto André a viagem era de quase três horas, pela inexistência de autoestrada e pela serra de Grândola que se tinha que fazer. Agora é uma hora e pouco e qualquer dia, se calhar, nem isso... mas a verdade é que também Sto André  é um assunto encerrado para mim!
É nestas conversas que me apercebo da abismo colossal entre o passado recente e a actualidade e a "sorte" que temos por podermos atravessar esta evolução enorme ao longo da nossa vida. É evidente que esta globalização e este evolução tão rápida tem também consequencias bem negativas, como a perda de valores pessoais, familiares e colectivos, bem como de ética que são graves e se repercutem na sociedade e no colectivo; é o reverso da medalha que existe e que é evidente.
Medindo os prós e os contras, devemos encarar tudo isto como a normal evolução da espécie e da humanidade e não fazer juízos de valor ou de intenções, porque a verdade é que se antes havia muita coisa positiva e outro tipo de vida, talvez mais humano, hoje vive-se com mais intensidade, maior acesso a um mundo imenso e apesar de considerar que se está mais descaracterizado e com menos valores, temos que aceitar esta evolução como sendo natural e perfeitamente normal.
Talvez do equilíbrio entre estes dois mundos saia uma nova realidade, com uma maior perspectiva humana e de valores dentro desta confusão em que nos encontramos, na certeza de que, necessariamente, teremos que reflectir acerca dos novos valores éticos e morais que nos têm que nortear e orientar.
Para terminar, achei curioso o total desconhecimento desta geração acerca de factos tão recentes e presentes para mim, o que demonstra bem que já cá ando há muito tempo e que já vi e vivi muita coisa. O que é verdade porque quase seis décadas neste mundo em tão completa transformação é um tempo imenso.... espero ter ajudado a esclarecer alguns pontos de interrogação existentes e ter feito luz acerca de alguns aspectos familiares que nunca são devidamente contados e interpretados.
Já depois dum almoço de família, já em casa para ir fazer a minha sesta, tentando manter o meu SORRISO, com optimismo e positivismo; as conversas rondam os aumentos, a austeridade e a evolução política com a certeza de que, todos, estamos mesmo a atingir o limite da tolerância e da compreensão. Precisamos de MUDAR com um SORRISO
 
 

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