"... reparo que tens estado numa fase menos boa, outra vez. É difícil estar animado quando temos uma série de situações que nos desagrada e principalmente quando essas situações são pilares na nossa vida... Uma coisa que me irrita imenso é o facto de um momento para o outro a situação mudar radicalmente. Num minuto as coisas estão sólidas e no seguinte tudo acaba (penso) para sempre. Ou seja a vida é feita de fragilidades incríveis. O que é que é sólido na vida? Se calhar nada. Já sabemos que é feita de mudança, como alguém disse, mas também não era preciso ser assim tão radical...
... Quanto ao teu filho, pois tens de ver bem o assunto. Analisa-o como deve ser e não tenhas nenhuma ideia à partida. Pode até ser uma decisão acertada da parte dele. Tens é de lhe atribuir toda a responsabilidade se ele tomar essa decisão. "
Palavras de quem me lê sempre e que mesmo, numa fase menos positiva, consegue transmitir segurança e preocupação pelo amigo. É na verdade uma pessoa fantástica que merece o que de melhor se pode ter e que, infelizmente, nem sempre consegue ter aquilo que pretende e que gosta.
Diz também que ando numa fase mais fria, mas a verdade é que me sinto um pouco vazio e sem grande rumo de vida uma vez que não tendo projectos novos, estando a ficar bem preocupado com o evoluir da situação do nosso País e mais concretamente com as repercussões no meu dia a dia profissional, com uma quebra notória como é evidente.
Hoje é outro dia a caminho de mais um fim de semana, em que tencionamos ir á manifestação marcada para a avenida de liberdade para vermos a adesão das pessoas e qual a direcção desse mesmo protesto porque se for genuíno e sem qualquer manipulação, então poderá ser algo bem forte e significativo. Infelizmente acho que vai ser (mal) aproveitado por forças politicas ou por demagogias populistas o que´é pena.
Todos temos o nosso direito à indignação ou ao sobressalto cívico como disse ontem o PR na tomada de posse, mas tem que ser um movimento "civil", preocupado com reais e efectivas mudanças e não com palavras ocas e demagógicas. Tem mesmo que haver uma mudança na nossa sociedade e na nossa maneira de estar na vida porque só assim conseguiremos atravessar esta crise gravíssima e que nos está rapidamente a levar só fundo. Não vejo e penso que ninguém consegue visualizar uma saída fácil e concreta para os problemas que temos. Ontem numa conversa entre o António Barreto e o MSousa Tavares foi claro que estamos mesmo o fio da navalha e que as hipóteses de resolução são cada vez menores no actual quadro politico em que estamos, mas que também ninguém enfrenta a situação como ela tem que ser pegada. Entretanto os sinais que nos chegam são altamente contraditórios porque por um lado tudo se queixa da quebra de consumo que se verifica ser verdade e por outro as viagens para o Rio/ Carnaval parece que esgotaram. Como é possível esta aparente contradição a não ser que na realidade as pessoas ainda não interiorizaram as condições dificílimas em que estamos e em que precisamos mesmo de poupar e reduzir a nossa dependência e os nossos gastos.
Não sei bem como iremos sair desta, mas estou cada vez mais pessimista e convencido que apenas uma grande convulsão social e politica nos poderá fazer entrar nos eixos e tentar recuperar o País nos próximos anos ou décadas. Para mim é claro que será pouco provável ver uma recuperação em tempo útil porque vamos levar muitos anos a recuperarmos desta crise e isto se formos capazes de o fazer. Não vejo alternativas claras porque não faço ideia do que é entrarmos em bancarrota e sermos um País falido.
Mas como dizia ontem o António Barreto o caminho em democracia é cada vez mais estreito e ou há realismo e vontade politica ou estamos "feitos" Por isso a manifestação parece-me importante e consistente se for genuína e realmente participativa, como penso que irá ser.
E hoje vamos de novo à luta diária de conquistar este dia e de o levar por diante, com um enorme SORRISO e cheios de ENERGIA e de FORÇA, pelo menos aparentemente...
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