sábado, março 12, 2011

Incertezas !

Estamos em fim de semana e o programa será, talvez, ir à manifestação prevista para hoje, apesar de saber que está a ser politicamente aproveitada por forças políticas que não são as minhas. Mas a verdade é que vou num espírito de indignação e de combate contra muita coisa que está mal e tem que mudar. Não será propriamente a mudança da classe politica porque ela é eleita por nós e apenas em eleições a poderemos mudar, mas darmos a conhecer o nosso repúdio e indignação é suficiente para aderir a estas manifestações.
Como disse Cavaco Silva, todos temos direito ao nosso sobressalto cívico ou como disse Mário Soares o direito à indignação pelo que se formos muitos milhares na rua, duma forma ordeira e digna sem palavras de ordem conotadas com partidos, talvez consigamos ser ouvidos nos estados maiores dos partidos e começar a mudar alguma coisa.
Também no Egipto, na Tunísia parecia impossível derrubar regimes e assim aconteceu com o direito à indignação, bem como aconteceu com a queda do Muro de Berlim e o desaparecimento de regimes anacrónicos e detestados.
Estamos num período que se transforma a uma velocidade fantástica não só por acção humana mas também e infelizmente por acção da natureza com fenómenos duma gravidade extrema como o terramoto e maremoto do Japão. Assistimos ao desmoronar de muita coisa na esperança de vermos surgir um mundo melhor e mais justo às aspirações do Ser Humano.
O que é hoje verdade já não é o amanhã e as certezas que temos agora certamente que o não serão daqui a pouco pelo que temos apenas que viver o dia a dia e tentarmos adequar-nos o melhor possível ao que vamos tendo e vivendo. Não vale a pena entrar em "crise" por factos pontuais na medida em que infelizmente uma qualquer catástrofe nos pode levar em qualquer momento.
É talvez este enorme sentimento de incerteza e duma grande insegurança que nos faz andar com pouco optimismo e segurança porque nada é certo e concreto, a não ser que todos nós temos o nosso caminho traçado desde que nascemos, ou seja, sabemos que nascemos e morremos e que nesse intervalo se processa todo um caminho dependente não só de nós, mas principalmente da conjugação de todas as forças cósmicas que nos envolvem.
Os sobressaltos da vida diária, as transformações permanentes e constantes da sociedade e do Mundo e principalmente esta sensação de pequenez e de limitação que sinto neste momento conjugam-se para aquilo que sinto neste momento que é duma grande impotência perante o futuro e mesmo dum desanimo perante o presente, com a falta da minha habitual energia e força para enfrentar a mudança e o quotidiano. É a idade ou são as circunstancias da vida e do que nos rodeia ?
Sinto um desfasamento entre o que gostaria que fosse a minha vida actual - e o que eu imaginava que seria há uns anos atrás - e a que realmente tenho que fazer e é nessa diferença que sinto desilusão e até frustração porque desejava estar numa fase de acalmia e não em vias duma nova (grande) transformação e inovação, tanto mais que sinto que, sozinho, já não consigo fazer as alterações que sei serem necessárias e urgentes.
Pela primeira vez na vida sinto um grande cansaço perante a vida e que apenas desejo transmitir as responsabilidades para outros, que é uma das razões pela qual me agrada o novo projecto que tenho em análise e que vou desvendando cada vez mais.
Vejo as notícias, ouço os comentários, leio os jornais e fico cada vez mais  sobressaltado com o imenso buraco em que estamos metidos e principalmente da falta de horizontes e de soluções propostas. Mais sacrifícios, mais austeridade e mais restrição ao consumo será certamente o caminho mais rápido para a ruína de todos nós e a degradação completa do País. Começo a concordar com os que dizem que são sempre os mesmos a pagar mas também a verdade é que ao deixarem chegar isto ao estado que chegou - e o sr engenheiro é o máximo responsável - provavelmente não há muitas outras soluções. Ontem ouvi também um comentário do habitual analista da SIC com perguntas muito pertinentes acerca das 12000 fundações que "comem" do orçamento e que nunca mais acabam, das regalias dos monopólios existentes e de muitos outros abusos em que ninguém toca e que nos estão a levar inexoravelmente ao fundo. Mas pergunto-me o que se seguirá a esta ruína que me parece eminente porque não faço ideia do que é um estado em bancarrota e sem dinheiro para as suas necessidades. E fico brutalmente assustado com este cenário !
Tudo isto justifica o meu actual estado de alma e a minha presente "neura" porque sinto que estamos perante um muro intransponível e que a maioria das pessoas não se dá conta desse facto nem da gravidade do que atravessamos porque se continua irresponsavelmente a olhar um pouco para o lado. Concordo por isso com o tal SOBRESSALTO cívico proposto pelo Cavaco e é por isso que me vou manifestar hoje, independentemente dos aproveitamentos politicos que possa haver. Quando regressar, farei a análise do que vi !
Fica um  SORRISO tranquilo e pacífico, com a vontade de MUDANÇA e de transformação indispensável para que consigamos manter a nossa dignidade de SERES HUMANOS.
PS: estive ontem a falar com a minha amiga Harumi, do Japão a saber pormenores do terramoto. Fiquei espantado com a serenidade transmitida na medida em que passado o momento, é preciso continuar em frente e enfrentar os problemas. É prova da maturidade dum povo e faz toda a diferença. Combinámos encontrarmo-nos, finalmente, este ano em Itália....

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