segunda-feira, setembro 27, 2010

Inícis da Semana

Início de outra semana, a caminho dum fim de semana prolongado, para o qual ainda não temos nada ainda resolvido e assente, só e apenas a certeza de que não ficaremos por cá, pois será bom sairmos e espairecermos o espírito e o corpo. A dúvida está no programa e sobretudo na vontade de escolhermos o que mais nos apetece ou agradável.
O domingo foi super pacífico, calmo e sem se fazer rigorosamente nada, a não ser dormitar, ler e ver televisão, com um enorme silencio durante todo o dia. Na verdade este silencio, como escrevi no outro dia, tem-se vindo a manter e a preocupar-me porque sinto que estamos num certo impasse e que nem sempre apenas os sentimentos conseguem manter uma situação, se esta começa a ter alguns problemas estruturais e de compreensão. Estamos numa fase evolutiva ligeiramente diferente e temos que nos adequar a cada um de nós como somos actualmente, na certeza de que existe e sinto o mesmo, com a certeza de que será a pessoa certa mas com algumas dificuldades no quotidiano. Como resolver isto e dar a volta duma maneira que nos satisfaça a ambos, é algo que se tem que pensar e efectivar. Talvez um fim de semana prolongado consiga fazer bem e a mudança de ares, dar origem a mudanças de atitude.
Os filmes que vi ontem não deixaram marcas pela sua inocuidade e falta de sentido porque apesar dos bons actores foram filmes de raptos, de extorsões e de alguma violência, bons para não sermos obrigados a pensar e a reflectir nesta vida e neste quotidiano, particularmente difícil que atravessamos.
Ao falar com colegas no SAMS - onde estou - e com os que trabalham comigo a síntese do que se diz é a mesma, ou seja, que este mês de Setembro é francamente mau e até ouvi a palavra catastrófica, que define a situação generalizada dos consultórios. Espera-se que seja devido a factores específicos e conjunturais deste mês, aliado talvez a um enorme descrédito da evolução do País, levando talvez as pessoas a não quererem avançar com trabalhos caros ou novos empreendimentos para verem como a situação vai evoluir. Pelo menos é o que eu faço, que aguardo o que se vai passar.
Tenho que prestar mais atenção ao que se passa no consultório e não posso de maneira nenhuma deixar passar situações sob a responsabilidade das assistentes porque não a têm nem a querem ter, deixando os doentes pendurados e em risco de os perder. Não sei bem como devo fazer ou proceder mas a verdade é que tenho mesmo que começar a escrever o que é realmente importante e a ser eu mesmo a resolver o que é de facto do meu pelouro, não querendo que estas assistentes façam o papel da minha fernandinha, porque ela é mesmo única e deixou-me muitíssimo mal habituado, pois ela resolvia tudo isto e nunca deixou um doente pendurado ou com situações por resolver. Espero sinceramente que consiga ainda inverter esta situação e fazer com que este doente em particular seja também visto pelo colega que vai começar a trabalhar no meu consultório em Outubro.
Vivemos no mundo da irresponsabilidade e da total ausência de vontade de participar e de vestir a camisola do local aonde trabalhamos, empenhando-nos e lutando pelo sucesso e realização das empresas porque efectivamente é mais fácil deixar passar, não nos preocuparmos uma vez que assim não temos culpas de nada e o ordenado bate certo no fim do mês. Estou simplesmente furioso com este caso e alguma coisa ou muita terá mesmo que mudar e se resolver de vez porque conjugado com a difícil situação das pessoas, este mau serviço do consultório só poderá ter como desfecho a perda dos doentes e o meu descrédito total. E isso não o posso evidentemente permitir.
É de facto o problema deste País em que ninguém quer ter responsabilidades e assumir o seu posto, a menos que seja para receber mais e fazer muito menos, sendo este também um dos factores para a situação em que nos encontramos e que dificilmente sairemos com este tipo de comportamento que é generalizado e comum na maioria das pessoas que se acomodam aos seus lugares, sem riscos nem ondas uma vez que ter responsabilidade é um enorme peso e as pessoas não estão preparadas para o ter. Alias toda a geração pós 25 de Abril fui educada neste principio de não ser responsabilizada nem de empenhamento em causas porque tudo lhes é devido, pelo que não é necessário qualquer esforço para se ter o que se tem, esquecendo-se que é necessário trabalhar-se muito, empenhar-se muito mais e responsabilizar-se ainda mais para conseguirmos chegar mais alto e mais longe, com a consciência plena de um trabalho bem conseguido e alcançado. É a realidade que temos e a (ir)responsabilidade generalizada por este País fora que conduz às situações em que estamos e a muitas outras que nem sabemos porque certamente este clima de impunidade e de falta de empenho é manifesto a todos os níveis e cada vez mais. Hoje fiquei mesmo farto destas pequenas ( grandes ) incompetências e com a noção real de que tenho cada vez mais de estar empenhada e atento a todos, mas todos, os pormenores que se passam no consultório, com os doentes e não só, porque infelizmente nem os colegas que lá trabalham têm sentido de responsabilidade e de suficiente empenhamento para poder estar descansado. É pena mas é assim pelo que espero sinceramente que a entrada da CF seja uma lufada de ar fresco e uma nova atitude perante os doentes.
Apesar desta "fúria" e destes sentimentos de impotência no acompanhamento das várias situações e na vontade de que as pessoas sejam melhores,mais justas e mais empenhadas nas suas funções,, fica o meu imenso SORRISO com a vontade de cada vez mais integrar-me no quotidiano do consultório e "mergulhar" em todos os pormenores do mesmo para que tudo corra efectivamente bem e melhor.



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