segunda-feira, abril 17, 2017

Luto

Morreu a minha sogra, Mãe da minha ex-mulher. Foi uma mulher muito complicada, instável, com uma vida sem grande sentido para todos os que a rodearam. Mesmo assim, não mereceu o fim  de vida que teve, de sofrimento e de dor.
Lembro-me dela, dos muitos factos e acontecimentos ocorridos, duma vida vazia, sem ter deixado muita coisa, para além, como é evidente, do Amor dos que lhe foram mais próximos. É curiosa a reacção do marido, que nunca tendo encontrado um sentido para o casamento, parece o ter encontrado agora. São factos da vida que temos de enfrentar e de aceitar.
Lembro-me da reacção da minha avó materna que quando o meu avô morreu, ao fim de muitos e muitos meses em coma, ainda ter esperança que ele recuperasse e vivesse muitos mais anos. É o Ser Humano que mantêm a sua esperança e os seus desejos até ao fim e, mesmo contra todas as evidências, espera sempre que tudo se mantenha como está.
Tenho direito a uns dias de luto por esta morte que vou aproveitar como é evidente, mesmo que esteja há muito afastado; mas a MA fará sempre parte da minha vida e continuará sempre a ser a avó dos meus filhos. Sinto que eles terão de estar preparados para irem ficando sem os avós, tendo tido a sorte de os ter conhecido a todos e de todos terem boas recordações.
Já passou o fim de semana pascoal, numa enorme tranquilidade e silêncio se bem que, infelizmente, nem tudo terra corrido da melhor forma pois sinto que parece haver cada vez mais um maior fosso a instalar-se e a fazer o seu caminho. Não sei ainda o que quero ou pretendo, mas sei aquilo que não quero.
Felizmente que estou num caminho de autoconhecimento, de gostar do que sou apesar de ainda ter um mundo de coisas para mudar; mas essa mudança terá de ser interna e introspectivamente, apesare de poder contar com a ajuda de outras pessoas, amigos, familiares e companheiro/a.
Faz tudo parte dum pacote único de vida que queremos ter, desejamos prosseguir e temos de seguir para nosso bem, de quem connosco convive e de possíveis candidatos a uma vida em comum. Mas tem de haver uma compreensão do que somos, uma maior tolerância para connosco assim como nós também a temos de ter. Não ter a certeza de estar sempre certo, com a razão do nosso lado, interpretando constantemente tudo duma forma que, pode, não ser a certa ou a verdadeira.
Sinto que há, neste momento, muitas barreiras que levarão tempo a ser ultrapassadas se para tal existir vontade e consciência da complexidade da vida, das pessoas e dos factos.
Mas apenas não há solução para a morte, porque esta é definitiva e irreversível como sabemos; mesmo que acreditemos noutras vidas ou no que for. Penso que tem mesmo de haver algo mais, porque senão a vida não faz muito sentido ou nexo. Estamos aqui e agora nesta vida para aprendermos, para crescermos a caminho de alguma coisa ou apenas e tão só estamos por cá a passar o tempo.
O que sei é que perante esta realidade da morte não vale a pena estarmos sempre a lamentarmo-nos da vida, a culpar algo que não nós próprios pela forma como essa mesma vida decorre porque temos a obrigação de a viver duma forma plena, integral e satisfatória todos os dias da nossa vida, assim o saibamos fazer.
Um SORRISO especial para esta senhora que agora nos deixou, esperando que encontre a FELICIDADE que, penso, raramente encontrou nesta sua passagem terrena. Para todos os seus mais próximos os meus sentimentos. 

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