quarta-feira, março 23, 2016

Idos de Março

Começou a Primavera, estou quase a cumprir um aniversário a caminho dos sessenta, mas até nem me importo com isso.
Há um ano estava no Algarve, a passar esta época e a viver um espécie de canto do cisne, sem o saber conscientemente, dado o meu egocentrismo e o meu não querer aceitar a realidade. Nao fazia ideia da tempestade que se avizinhava e que foi das piores da minha vida.
Nestes tempos, revivo um pouco tudo isso, mas em simultâneo também sinto um apaziguamento interno e ontem tive a certeza de que tudo pode ser superado no seu tempo e na altura certa. Penso que, quase pela primeira vez, estivemos a almoçar descontraída e pacatamente como amigos que somos, sem atritos, discussões ou quezílias, o que me agrada francamente. E tudo isto se deve à nossa evolução, mas sobretudo à minha compreensão e aceitação dos factos e da realidade que temos. E estou pacífico.
Nestes dias de férias em que vou ficando por Lisboa, estou num tempo de reflexão e de pacificação interna; tenho tempo para pensar e para me lembrar de muita coisa, ao mesmo tempo que vivo o presente e que aprendo a viver cada vez mais comigo e para mim.
Ontem gostei de ouvir o IA dizer que se sente bem, que está feliz e sobretudo que se está a aceitar, a ter mais autoestima e confiança e sinceramente espero que assim seja, assim como também quero estar a seguir esse caminho de progressão, de crescimento e amadurecimento.
Estou numa semana de férias da análise porque também me faz bem parar uns dias e "aprender" a reflectir por mim próprio e pela minha cabeça, o que sempre tive dificuldade. Sinto que muitas das minhas máscaras estão a cair e a desaparecer, restando cada vez mais o meu núcleo verdadeiro e correcto, o que me agrada bastante.
Na verdade, viver a vida dos outros que não a nossa e ter de "assumir" diversas facetas conforme os ambientes e as pessoas era um processo extremamente cansativo, doloroso e sobretudo falso que não conduzia a nada mais senão a um disfarce de mim próprio e a uma fuga do que sou.
Como estou hoje e agora é muito mais verdadeiro, muito mais real e sentido porque é a manifestação daquilo que sou e não o reflexo ou projecção das pessoas circundantes, o que me permite ser mais EU, mais realista e viver menos de ilusões ou de quimeras.
Começo a sentir-me feliz e, com ou sem outra pessoa a meu lado, tenho mesmo de estar bem e como também ontem ouvi, temos de ser nós próprios independentemente de estarmos ou não afectivamente acompanhados ou felizes. De qualquer modo, estou a viver algo que não sei ainda bem o que é ou se será mesmo o que quero, mas neste processo de viver o presente estou muitíssimo bem como estou e assim quero permanecer. Tudo a seu tempo e na altura certa saberei se é ou não ou se o caminho será outro... pesando os prós e os contras não sei muito bem o que fazer ou qual o futuro, mas a verdade é que também não estou nada preocupado com isso. Repito, viver o presente, relembrar o passado e esperar pelo futuro sem expectativas nem ilusões.
Tenho uma certeza neste momento que é saber o meu caminho, começar a entranhar a minha localização no universo e perceber quem posso ser e quem sou neste momento e neste tempo presente. Isso é o mais importante e aquilo que de melhor posso fazer, porque apenas assim conseguimos crescer e amadurecer como queremos.
Neste quotidiano, tenho dado por mim a rir expontaneamente e com vontade, o que é muito bom sinal e não acontecia desde há muito. Sobretudo começo a sentir uma afinidade com uma pessoa que vai, talvez, ocupando um papel importante na minha vida. Mas ainda é cedo para saber e tudo a seu tempo... sem ilusões, fantasias ou confabulações.
Nesta antevéspera dos meus anos, preparo o meu jantar de aniversário que será o primeiro de muitos outros nesta fase da minha vida, com um grande SORRISO e a certeza de que este é o caminho para me (re)encontrar e conseguir ser mesmo FELIZ.

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