Finalmente segunda feira... como percebo agora quando me foi dito que se ansiava pela chegada deste dia para se poder sair de casa e ir trabalhar.
Foram dias negros, sem qualquer orientação ou sentido sempre no mesmo pensamento e fixação. Principalmente e novamente muitos pensamentos negros e bastante negativos.
E foi o primeiro fim de semana em que, apesar de tudo, estive com a família mas sempre duma forma bastante estranha como se estivesse a ver tudo de fora e ausente.
O não ter nada para se esperar, o simples facto de ter de viver sem nada é apenas com a pouca esperança que possa haver é algo que faz com que a vida não tenha qualquer significado nem valor, porque a vida tem que ser muito mais que este passar das horas, este arrastar do tempo e este vazio constante.
Infelizmente nada posso fazer, senão conter-me, esperar e acreditar que ainda é possível, mas apetece-me gritar, abanar e quase que implorar pela vida e pelo retorno ao que tinha e ao que quero.
Quero acreditar e crer que será ainda possível, mas neste momento a angústia, o desespero e o medo comandam a minha vida e pouco espaço deixam para o que quer que seja. Não sei mesmo se conseguirei alguma vez mais ter luz na minha vida e se vale a pena assim estar.
É lógico que cada um de nós toma as decisões que entende e que quer, mas também é normal que quando essas mesmas decisões nos ultrapassam e nada podemos fazer, que a dor e o sofrimento seja incomensurável e infinito.
É evidente, neste momento, que para mim mesmo tenho os meus timings e as minhas ideias e apenas espero, ansiosa e fervorosamente, que em breve tudo isto não passe apenas dum enorme pesadelo e que a vida volte a brilhar e a ter cor. Apenas assim valerá a pena viver e acreditar nessa mesma vida e em cada dia.
Infelizmente não só não podemos voltar atrás na vida para podermos corrigir muita coisa, nem tão pouco fazer com que acreditem em nós e que nos Amem, mas sim olhar para o que temos e tentar, tentar e tentar viver com o que existe. Que neste momento, são apenas e tão só ruínas, destruição e um imenso negrume.
Não quero sequer imaginar o futuro próximo, mas apenas tentar que cada dia passe o mais rapidamente possível e que a noite chegue o mais depressa possível para poder "apagar" a memória e no sono esquecer que estou vivo e sem vida.
Gostava de acreditar que tudo ainda vai mudar, mas neste momento, estou a iludir-me e a enganar-me pelo que, talvez, o melhor seja mesmo não pensar, não sentir e apenas fazer o que me compete, duma forma mecânica e apática.
É bem verdade que, quando se perde, damos um enorme valor ao que perdemos e deixamos de ter mas a nossa capacidade de sofrimento tem limites e balizas, sobretudo quando o nosso EU é tão frágil e demasiado pequeno para estarmos connosco próprios e com esta vida.
Já sabia e confirmei que, mesmo com todos os amigos do mundo, a melhor família que tivermos, acabamos por estarmos sós nestas situações, tanto mais que apenas me apetece estar na minha casa a olhar para o ontem e sem qualquer objectivo ou vontade de coisa alguma.
Como disse, a minha capacidade já não é a que era e neste momento apenas existe um desejo, uma vontade e uma profunda, angustiante saudade. Tudo me faz lembrar o mesmo e o meu pensamento está em roda livre, na certeza de que ou aceitarei o que acontecer ou acharei que nada de nada vale mesmo a pena.
Para já é deixar passar cada minuto, nesta angústia e dor permanente e esperar que rapidamente tudo passe e que cada noite consiga trazer-me o sono que preciso e a total ausência de consciência e de contacto com a realidade. A verdade é que não me apetece estar com ninguém, nada me diz absolutamente nada e nada me desperta atenção ou vontade para nada. Por isso, qual a finalidade do que faço e do deste dia a dia???
Por muitas palavras que ouça, por muitos apoios que possa ter ( e que tenho) nada, mas mesmo nada consegue substituir o que tive, o que construímos ao longo destes anos e que, para bem ou para mal, ainda acredito que se possa voltar a ter. Mas e é um mas bem presente, se nada disto voltar ?? Se nada disto for mais alguma vez uma realidade na minha vida, então o que verdadeiramente me resta ? Nada de nada a não serem cinzas dum passado e pouco mais do que isso.
E nesse caso é, para mim, mais do que evidente que muita coisa terei que mudar, sem saber bem como nem escolher o caminho mais fácil para mim. Deixemos, para já, esses pensamentos e tentemos viver um minuto de cada vez, embutidos completamente numa química artificial até onde aguentarmos.
Neste momento, o que sinto é apenas e tão só que a vida está ao meu lado, que passa por aí e que eu não faço parte de rigorosamente nada; que nada tenho e que nada espero. Apenas tenho neste momento esta dor inimaginável que me ocupa cada átomo do meu ser e pessoa. Será possível viver assim durante quanto tempo e com que finalidade concreta ??? Não há respostas para nada e neste momento nem as quero ter, nem sequer as imaginar para que consiga, pelo menos, suportar cada minuto da vida e este presente completamente negro, sem sentido e sem qualquer significado. Já tive muitos momentos mais na minha vida, mas hoje apercebo-me que viver com pouca ou nenhuma esperança é o pior "castigo" que se possa ter na vida. E que nada ter de concreto, real ou objectivo talvez seja mesmo o merecido castigo para quem tantos erros cometeu ao longo da vida. Mas será que mesmo assim mereço tudo isto e será que tudo isto vai acabar assim mesmo ???
Pela força do hábito, pela imposição das coisas, aqui fica o habitual SORRISO desprovido de qualquer significado ou importância porque efectivamente neste momento nada tem qualquer importância a não ser a (pouca) esperança que ainda me resta neste momento.
Até quando ????!
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