quarta-feira, novembro 06, 2013

Momentos

Momentos... muitas vezes conseguimos sentir felicidade e estarmos plenamente integrados com pequenos/grandes nadas, simples e sem grandes aparatos. 
São momentos em que duas pessoas que se Amam conseguem estar simplesmente em sintonia na companhia uma da outra, juntas e a captarem o sentimento desse mesmo momento. Algo tão simples como estarmos deitados no mesmo sofá, de mãos dadas e numa enorme intimidade é apenas e tão só estarmos bem e sentirmos a FELICIDADE duma relação e ainda interiorizarmos completamente essa sensação.
Uma vez mais, ocorre-me o "Less is More" como máxima de vida, em conjunto com esta citação que a minha irmã me mandou "não esperes pelo tempo; sê feliz que a felicidade é já" (Alexandre O'Neil). Isto é, se conseguimos criar estes momentos de grande intimidade e sentirmo-nos felizes, então vale a pena viver estar de pleno nesta relação e neste quotidiano.
Ressalvo que a importância destes momentos é tanto maior porque são temas abordados na minha análise, compreendendo agora bem melhor a necessidade que tenho deles, na medida em que, sempre tendo tido medo de me entregar, consigo nestes momentos dar e receber Amor e Carinho duma forma plena, sem qualquer tipo de envolvência sexual.
Também ontem numa das conversas mantidas com a minha irmã P. , que são quase diárias, exprimi de viva voz o que sinto em relação a essas mesmas conversas e à pessoa da minha irmã. Disse-lhe e sinto que são igualmente uma terapia para ambos, um escape e uma forma de analisarmos em conjunto as nossas vidas e quotidianos, dada a enorme e importante empatia existente entre nós. Podemos ter estado separados anos e anos, mas os nossos laços são tão fortes e actualmente quase indestrutíveis, que teríamos mesmo que nos reencontrar e termos a relação que temos hoje.
Foi outro momento dum dia com algum stress e falta de entendimento no consultório, porque a verdade é que, cada uma das pessoas tem que saber o seu papel e o seu funcionamento e não "empurrar" sempre para cima dos mesmos, os problemas e as suas resoluções. Ou pelo menos, tentar escolher as ocasiões para o fazer... já não consigo estar a trabalhar, a ver doentes e em simultâneo ter à minha volta um rodopio de pessoas a falarem ou a trocarem impressões acerca doutros assuntos. 
Começo a dispersar-me e pior, fico irritado e com a minha faceta de "demónio" a querer dar ares da sua graça, o que não me agrada mesmo nada. Será que esta análise permanente e esta observação minuciosa que agora faço de (quase) tudo se irá manter e até aumentar à medida que vou progredindo na minha psicanálise ? 
É que é cansativo estar sempre num processo deste tipo e desta envergadura, em que analiso e esmiúço os factos em todos os seus componentes para ver se os consigo perceber melhor e dar-lhes a volta necessária e suficiente para os integrar e assimilar. 
Ontem referi este aspecto ao AA que confirmou ser mesmo assim, numa sessão altamente produtiva e substancial, porque conseguimos ir buscar recordações dolorosas, traumáticas e eventualmente explicativas de alguns dos meus dilemas e ansiedades.
Neste momento, estou a viver uma fase bastante interiorizada e voltado para mim, com a "descoberta" e assimilação de factos, emoções, sentimentos e dependências que tenho e fui criando ao longo destes cinquenta e tal anos de existência. Constato a repetição dos temos dos meus comentários e o desinteresse actual pela actualidade sociopolitica deste País.
 Também é verdade que a realidade que temos é quase nula em termos de novidades ou de interesse, porque a falta de motivação colectiva e de horizontes de esperança e de concretização são praticamente inexistentes pelo que pouco ou nada temos para comentar.
A nível mundial as novidades ou acontecimentos são igualmente poucas e não consigo dar ênfase a nada de especial, pelo que me refúgio mais e mais em mim e no que me rodeia.
Talvez (quase) pela primeira vez esteja mesmo a começar a conhecer-me e a perceber o que sou, o que fui e faço aqui.... e isso é algo de extremamente importante, inovador e sobretudo compensador, porque estava a um passo duma implosão interna que poderia ter consequências bem gravosas. 
Pelo menos neste momento consigo sentir um rumo, aperceber-me dum maior equilíbrio e ainda manter o meu SORRISO pleno e as intenções desde sempre manifestadas na criação deste blogue e na sua manutenção. Ser e dar FELICIDADE... ontem (e uma vez mais) realizei que é bem fácil termos momentos efectiva e afectivamente felizes.
PS: a complexidade da mente humana é imensa e todas as auto-estradas neuronais que vamos construindo apenas nos dão a noção duma ínfima parte do que temos.

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