sábado, novembro 02, 2013

Finalmente...

Finalmente fim de semana, não para descansar como queria mas, pelo menos, não ter que ir trabalhar, tratar dentes ou ver muita gente diferente e a necessitar duma adaptação concreta.
Foi apenas  um bom acordar, seguido dum  tranquilo pequeno almoço e duma ida ao Corte Inglês, onde não íamos há muito e muito tempo. Comprámos um presente à nossa menina que fez 2 anos no dia 30 e ainda iniciámos as compras de natal, com um presente para a nossa filhada MC. Uma coisa linda e que esperemos seja do agrado dos pais.
Ontem, sexta-feira, foi um dia bastante cansativo e custoso de passar, tanto mais que tive algumas faltas e vontade de "embirrar" com a minha querida assistente. Estava mais do lado do "demónio" do que doutro lado, mas felizmente que pensei antes de agir, dei a volta antes da irreversibilidade das acções e consegui atenuar essas (malévolas) vontades.
Certamente que haverá uma razão para essa tentativa de comportamento, começando pela subtil alteração de humor da minha assistente e do (escondido) mau génio que pressenti e que me fez "saltar" a minha outra faceta, o que não acontecia há muito.
Mas passou-se a tarde e assim chegámos a casa para enfrentar finalmente o fim de semana.... andámos a correr de manha e agora estamos num interregno do almoço para prosseguirmos o programa das festas, que inclui a festa de anos da B.
É curioso a importância da intuição na vida das pessoas e cada vez mais sinto que se conseguirmos aliar esta mesma percepção intuitiva e o pensamento, deveremos ser muito mais capazes de nos entendermos a nós próprios e aos que nos rodeiam. A interligação entre todos nós é uma realidade e provavelmente se for algo mais consistente, entendido e percebido será melhor para todos.
Vem a propósito da capacidade que vamos adquirindo ao longo da vida e ainda da nossa prática diária em que vamos precisamente aprofundando essa técnica, que nos permite ir ao encontro das pessoas e das suas necessidades. É bom ouvir as pessoas contarem-nos os seus problemas, as suas vidas e principalmente confiarem em nós e na nossa descrição e entendimento.
Na análise que vou fazendo e que cada vez mais vai estando presente em mim e comigo, sinto que é duma importância fundamental essa mesma capacidade, na medida em que conseguimos não só estarmos melhor connosco, mas também interagir mais eficazmente com o mundo exterior e ainda com os que nos são próximos... ou seja, vamos tendo a sensação de percebermos melhor o que somos e o que nos rodeia, apesar de nem sempre o conseguirmos fazer.
Como por exemplo, esta minha (aparente) incapacidade de lidar com a doença dentro das minhas paredes e a dificuldade em aceitar ou perceber essa realidade o que me parece um pouco paradoxal, sendo eu médico. Pareço não conseguir lidar com essa situação dolorosa e incomodativa que me deixa alterado e sem conseguir dar o apoio que as pessoas merece Será que considero isso um sinal da minha incapacidade de curar ou de minorar o sofrimento ou terá outras causas mais profundas. Também não consigo praticar determinados actos médicos nas pessoas que amo ou estimo profundamente. 
Tem que estar relacionado com alguma coisa que tenho e que se manifesta desta forma que não deixa de ser profundamente injusta e ingrata, na medida em que é nas alturas em que as pessoas mais precisam que não consigo aproximar-me ou dar maior carinho ou ternura. Vou ter que abordar esta temática numa das minhas sessões e tentar compreender as razoes deste afastamento consciente. É quase uma repulsa perante a dor e a doença de quem me é próximo ou vive comigo.
Agora, depois do almoço, vou fazer uma pequena sesta tentando manter o meu SORRISO cheio de luz e de cor para animar quem está comigo e tentar dar maior atenção a quem merece e necessita.
PS: li no facebook este poema, do qual transcrevo parte, porque tem imenso significado, para além da beleza das palavras em si mesmas. A verdade é que amando o que é nosso e cuidando do nosso "jardim" seremos mais felizes e teremos a infinita capacidade de AMAR e sermos AMADOS. 
 
Segue o teu destino,
Rega as tuas plantas,
Ama as tuas rosas.
O resto é a sombra
De árvores alheias....
 
(... ) parte dum poema de Ricardo Reis 1916

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