quarta-feira, julho 05, 2017

Loucura

Hoje, dia 5 de Julho, declaro-me oficialmente louco e doente mental.... assim fica mais fácil para mim justificar o que sinto, o que sou e o que faço visto que os doentes mentais são iniputaveis, irresponsáveis e têm a sorte de não saberem nada de nada.
Tudo isto para dizer que estou farto, cansado, esgotado e sem forças anímicas para nada, bem como em guerra com todos e Ainda mais comigo mesmo, o que é, francamente pior. Sobretudo quando estamos francamente a atravessar um mau momento e sentimos que, neste momento, estamos completamente sozinhos, sem ninguém que nos acompanhe e que, verdadeiramente, queira saber de mim e de como estou ou deixo de estar. 
Quase pela primeira vez não culpo ninguém a não ser eu próprio, porque o homem é o que as circunstâncias ditam ( Ortega y Gasset) e as minhas circunstâncias actuais são mesmo estas, duma confusão enorme, dum desnorte imenso bem como de muitas magoas internas que apenas eu tenho de resolver e não culpar ninguém a não ser eu próprio. E reconhecer este facto é já um enorme passo para mim...
Ao fim de quase quatro anos de psicanálise, que resultados existem que a justifiquem, ? Que mudanças houve se é que houve ? E se houve mudanças, elas foram positivas e eficazes ou pelo contrário me estão a deixar assim desta forma e desta maneira ? Será um evoluir normal com a terapia estes momentos de "loucura" e de enorme desanimo ? 
Certa é a insegurança que sinto em relação ao consultorio, quer ao espaço físico quer e sobretudo à situação actual que, infelizmente, piora dia a dia e nada posso fazer para alterar ou dar a volta porque é um problema que todos atravessamos pelo excesso de profissionais existentes, pelo dumping que muitos fazem e Ainda pela falta de respeito dos doentes ou clientes como lhes queiram chamar. Esse é o meu principal desequilíbrio no momento.
Queria tanto estar tranquilo, em paz comigo e com o mundo, sabedor da minha pessoa, consciente do que tenho e sou, bem como com uma visão e uma perspectiva risonha e luminosa do futuro. Nada disto existe porque nada é previsível ou sequer possível de antecipar ou resolver.
Apenas está nas minhas mãos aquilo que quero ser, o,que consigo ser e Ainda como quero mesmo ser agora e no futuro. Esquecer as minhas obsessões, os meus fantasmas, não perseguir as pessoas em busca de afectos ou de Amor que tenho de encontrar em mim mesmo, sem o que nada é possível ou real. Por vezes, apetece-me hibernar ou estar num estado em que nada me atinja, como um estado comatoso.
Por isso mesmo, o melhor é declarar-me louco e instável, para não ser responsabilizado pelos meus actos, bem como não os sentir nem sofrer com eles, porque é como eu gostaria de estar. Imune ao exterior, insensível às pessoas, inconsciente a esta realidade que tenho porque assim seria capaz de ter a FELICIDADE  dum SORRISO verdadeiro, luminoso e sem qualquer resquício de sanidade. Apenas a irrealidade em que gostaria de mergulhar neste momento para fugir de tudo isto e principalmente de mim.

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