quarta-feira, junho 14, 2017

Reflexões

Ontem tive uma enorme quebra física que não sei explicar e que me preocupou bastante; de manha fui fazer a visita que tinha programada mas depois vim para o hotel onde fiquei deitado o dia todo, apenas tendo ido à piscina um pouco tomar um banho. Nem consegui comer...

Até pensei numa hepatite A porque dá este cansaço, pela ligeira alteração da cor da urina mas hoje penso que estou melhor, apesar de não estar muito convencido.

Mas moléstias à parte, ontem a visita foi extremamente interessante para perceber mais e melhor a história desta cidade com 23 séculos de história. 

O bairro judeu, a sinagoga e toda a envolvência destes locais fascinaram-me e fazem com que, cada vez mais, queira aprender e estudar todas estas culturas que se cruzam e que, numa determinada altura, foram capazes de viverem em paz umas com as outras.

Apesar disso, quando se deram as invasões árabes da peninsula - pelo século VIII - provenientes do califado de Damasco, houve uma destruição de muitos palácios, muitas igrejas e outros símbolos da vida de então por uma questão de fanatismo, como Ainda hoje acontece. Para eles e para os actuais, não são precisos símbolos, imagens ou seja o que for para adorar o verdadeiro Deus.

Acabámos a visita no Alcazar dos Reis Católicos, palácio mandado construir por um dos Afonsos da monarquia espanhola; este palácio foi depois convertido na sede da Inquisição espanhola que, neste País, foi feroz, extremista e dum obscurantismo imenso. Esta mesma inquisição que foi fruto da rebeldia de um grupo de cristãos de Ségur, que seguiram outra linha adversa ao papado e que foram completamente aniquilados.

Falamos do extremismo e fanatismo árabe, esquecendo muitas vezes o fanatismo cristão em que o Papa mandava em toda a parte, com uma corrupção e um poder imenso. Estou a ler " ISABEL de Aragão" onde é evidente o poder dessa mesma igreja para o bem e para o mal. Uma narrativa muito romanceada mas muito engraçada.

Na verdade, sinto que através dos tempos e da história, tudo é um eterno repetir da ganância, do prevalecer da vontade duma minoria, do uso e abuso da força do dinheiro e Ainda do não respeito pelos direitos humanos. 

Seja no século I, X ou XXI os homens são sempre os mesmos, com a mesma falta de princípios, a mesma falta de escrúpulos e a mesma mesquinhez nos seus objectivos. Ainda agora se vê a ganância de quem (quase) tudo tem e mesmo assim ainda quer mais e mais duma forma imoral e desmesurada, referindo- me aos actuais casos de corrupção em Portugal. Também a verdade é que são sempre os mesmos que se movem num círculo limitado e que se protegem uns aos outros.

Mas retomemos a Córdoba... parece ser a cidade europeia com o maior "casco antigo" , sendo efectivamente enorme, bem cuidado e merecedor duma visita atenta e demorada. Tem tantos lugares, desde o museu tauromáquico, às oficinas artesanais onde se tenta preservar o artesanato local, aos inúmeros palácios, casas, pessoas como pode exemplo Maimonides, grande intelectual do século XIV que parece ter sido o fundador do actual pensamento filosófico. 

Depois da conquista da cidade por Fernando III, fugiu para o Egipto onde morreu depois de escrever inúmeros tratados , estando actualmente enterrado em Israel que lhe prestou a justa homenagem.

Nestas viagens vamos aprendendo muita coisa, bem como a situarmo-nos na nossa pequenez e limitação enquanto Ser Humano; perante a dimensão da história valerá a pena preocuparmos -nos com a nossa pequenez e a nossa insignificância ou devemos, antes pelo contrário, aproveitar tudo aquilo que temos e podemos usufruir à nossa escala. Penso que a resposta só poderá ser uma...

Hoje vou fazer uma visita guiada à Medina Azahara, palácio de verão dos califas que, dizem, ser duma imensa beleza; depois penso fazer um tour no Sightseeing bus para ficar com uma outra ideia desta cidade, tendo em vista organizar o programa de amanhã porque Cordova é muito mais do que esta parte antiga. Assim a minha disposição física continue a melhorar.

Um grande SORRISO forte e mais esclarecido acerca de muita coisa, nesta busca constante pela FELICIDADE e pelo bem estar pessoal que será talvez o mais importante que temos e teremos. Mas sempre e em primeiro lugar saber quem somos e aquilo que cada um de nós consegue fazer da sua vida, bem como o valor que damos à nossa integridade física e mental. 

Quero crescer e amadurecer cada vez mais, bem como conseguir estar comigo próprio em paz e em FELICIDADE. 

PS: nesta visita à Medina El Zarath comprovei uma vez mais a enormidade da estupidez humana e das certezas absolutas. A Inquisição destrui a maior parte dos documentos referentes a este lugar para que não se soubesse nada de nada. Obscurantismo 



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