terça-feira, dezembro 09, 2014

angustias

Bicarbonato de Soda
Súbita, uma angústia... 
Ah, que angústia, que náusea do estômago à alma! 
Que amigos que tenho tido! 
Que vazias de tudo as cidades que tenho percorrido! 
Que esterco metafísico os meus propósitos todos! 

Uma angústia, 
Uma desconsolação da epiderme da alma, 
Um deixar cair os braços ao sol-pôr do esforço... 
Renego. 
Renego tudo. 
Renego mais do que tudo. 
Renego a gládio e fim todos os Deuses e a negação deles. 
Mas o que é que me falta, que o sinto faltar-me no estômago e na 
circulação do sangue? 
Que atordoamento vazio me esfalfa no cérebro? 

Devo tomar qualquer coisa ou suicidar-me? 
Não: vou existir. Arre! Vou existir. 
E-xis-tir... 
E--xis--tir ... 

Meu Deus! Que budismo me esfria no sangue! 
Renunciar de portas todas abertas, 
Perante a paisagem todas as paisagens, 

Sem esperança, em liberdade, 
Sem nexo, 
Acidente da inconsequência da superfície das coisas, 
Monótono mas dorminhoco, 
E que brisas quando as portas e as janelas estão todas abertas! 
Que verão agradável dos outros! 

Dêem-me de beber, que não tenho sede! 

Álvaro de Campos, in "Poemas" 
Hoje sinto-me angustiado, perdido e desnorteado sem saber os motivos ou as causas, talvez apenas por estar insuportável ( comigo ou com os outros ?? )O que sei é sentir está imensa sensação de cansaço e de estar fisicamente em baixo, porque nunca mais me passam as maleitas que persistem e continuam apesar de tudo aquilo que tenho feito e tomado. Será da idade, do feitio ou de qualquer outra coisa que desconheço? Mesmo sem sede, quero beber e saciar-me do muito que a vida tem e nos oferece, bem como descobrir o Universo onde estamos e todos os que nele vivem, nos rodeiam e nos acompanham.Um grande SORRISO na certeza de que queremos crescer, queremos mais da vida e sobretudo melhor do que podemos e devemos ter.





Sem comentários: