quinta-feira, julho 10, 2014

Passados

Como sempre há pequenos nadas que fazem toda a diferença no nosso (in)consciente.... no outro dia, a propósito da minha faringite/laringite, foi-me dito "mas isso ainda se usa?" E sei que isso me perturbou talvez por esperar apoio e mimo em vez deste desprendimento.
É evidente que estou a exagerar e a exagerar nesta reacção que está, certamente, relacionada com os meus eternos dilemas ou trilemas. É a mesma coisa que encontro por vezes por aqui, no consultório, em que pareço chocar contra uma parede de cimento, de incompreensão e de atitudes que não percebo mesmo, visto que poderia haver um entendimento ou pelo menos que não me fossem atribuídas culpas que não tenho.
Felizmente que tudo se vai resolvendo com diálogo e concertação, pelo que certamente que os dias vão correr bem e sobretudo vamos tendo que fazer, se bem que haja uma grande tendência para mais faltas e desmarcações. Há uma grande falta de palavra das pessoas que não conseguem respeitar o trabalho dos outros e nem sequer avisam que não podem marcar presença.
Mas a melhor e o que eu nunca tinha visto foi uma doente a perguntar se o medico, neste caso, eu estava melhor da minha tosse porque se não estivesse, iria procurar outro medico porque a tinha incomodado e enjoado a minha tosse. Isto é surreal e dum enorme absurdo e falta de respeito. Só tenho vontade de a mandar passear.
A vida vai seguindo os seus trâmites, nesta neutralidade de acontecimentos e deste interlúdio de verão ... apesar disso, tenho andado a recuperar papéis que ainda estavam em casa da minha ex e que me pertenciam, descobrindo uma vida e um passado meio esquecido, mas repleto de factos, pessoas e muito mais.
Tenho a vontade de recuperar o contacto com algumas dessas pessoas, que fizeram parte integrante e constante do meu dia a dia e de quem me lembro muitas vezes. Foram muito importantes durante muitos anos, tivemos projectos comuns e uma grande intimidade até que a vida nos afastou e nos levou a cada um de nós para caminhos completamente diferentes.
Ao reler cartas, cartões e ao relembrar tanta coisa que fizemos em conjunto, sinto uma grande vontade de contactar e estar com essas pessoas, indo fazer os possíveis para que assim seja. Vou dar alguma prioridade a esses reencontros se tal for possível.
Há coisas e parecem ter acontecido há que séculos e "apenas " se passaram perto de quarenta anos desde que nós conhecemos, que andámos juntos muitos e bons anos e que divergimos depois lenta e paulatinamente, cada um no seu caminho e cada qual na sua vida. Sempre houve grupos dentro dos grupos e assim se foi perdendo o contacto com todos eles.
Tenho pena que assim seja e que não se tenha mantido contacto e uma ligação visto que guardo de muitos deles recordações muito positivas e gratificantes. Mantenho a amizade e a ligação a duas grandes amigas com quem ainda estou de vez em quando e pouco mais. E quero, neste momento, muito e muito mais.
Um homem sem memórias é alguém vazio e destituído de sentido e de rumo, pelo que este recordar doutros tempos e doutras eras, deixa-me simultaneamente nostálgico e feliz por ter esse passado e por ter já um longo historial de vida. Preenchido de muitas formas, vivido e sentido igualmente de muitas maneiras, mas sobretudo conseguir aperceber-me da minha vida, dos meus caminhos, das minhas inversões e progressões de vida e das grandes transformações ocorridas. 
Olhando para o grande monte de papéis que simbolizam o meu passado é com agrado e entusiasmo que me revejo e que me sinto bem pelas mudanças que tive e que tive. A vida é mesmo assim....
Perante isto, apenas o meu habitual SORRISO com o pensamento nessas muitas pessoas que foram uma parte integrante, importante e fundamental no que fui e sou. Bem Hajam

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