sexta-feira, julho 04, 2014

Medos

Ontem retomou-se um tema antigo e sempre presente dos medos e de alguns em particular, uma vez que se é um assunto que aparece muitas vezes na conversa e que ainda não tinha percebido devidamente.
Sempre por associações livres, como é costume e duma forma cada vez mais fluída e fácil, vão-se abordando temas e destapando questões entranhadas, mal digeridas e até, muitas delas, tóxicas e poluentes dum meu Ego.
Este método é efectivamente simples na sua complexidade, uma vez que tem que ser devidamente  orientado bem como criarmos uma relação de grande intimidade e proximidade com o terapeuta. Essa relação vai-se construindo e reforçando em cada sessão até que parece haver uma vibração conjunta das duas pessoas e uma construção dum caminho que, apesar de individual, não deixa de ser compartilhado. 
As respostas não nos são dadas mas temos uma orientação e pistas para seguirmos e sobretudo reflectirmos e entranharmos. Muitas vezes apenas tomo consciência de alguns itens alguns tempos depois, em que os temas voltam de novo ao consciente e falamos acerca deles. Há temas recorrentes e temas que vão sendo tratados em várias sessões e em cada uma delas avançamos um pouco mais.
Este medo específico que é transversal à minha identidade tem vindo a ser falado e abordado ao longo do tempo e a verdade é que há tempos e tempos para perceber, compreender e entranhar as coisas; talvez seja agora a ocasião deste esclarecimento e de mais uma gaveta limpa das teias de aranha e do pó acumulado, que deve ter uma camada bastante espessa.
Há sempre tema e assunto para debater e nas associações que vou fazendo, muita coisa se vai descobrindo e percebendo visto que parece quase um caleidoscópio quando se começa a falar, a associar e a debater o muito que temos dentro de nós com necessidade de ver a luz do dia e a realidade.
Os medos são parte integrante da identidade de todas as pessoas, se bem que mais evidentes para uns do que para outros mas existentes em todos. Desde o medo da solidão, ao medo dos espaços abertos ou das alturas, todos temos o nosso calcanhar de Aquiles e a que não resistimos. 
Para além dos medos habituais, talvez cada pessoa tenha os seus medos específicos, condicionados pela vida e vivência, como é o meu caso. É um medo sentido ao longo da vida que vai sendo desvendado e descoberto a pouco e pouco mas que provocou bastantes abalos ao longo de todos estes anos.
Talvez agora comece a perceber melhor as minhas ligações,os meus gostos afectivos, as minhas parafilias e o meu enquadramento.... e é curioso como me pareceu que mais uma peça foi encaixada neste enorme puzzle que é o meu (in)consciente. Neste processo deve haver momentos chaves na análise, devidamente realçadas pelo analista e dai a sua formação e experiência, que fazem uma espécie de "abre-te Sésamo " na caverna neuronal. 
Tenho sentido e espero que assim continue, muitos desses momentos em que as peças se encaixam, fazem sentido e (quase) que ficam arrumadas e estruturadas. Mas também é preciso que se diga que estamos num processo dinâmico e continuo, pelo que a percepção de hoje pode não ser a de amanhã. Ou seja, à medida que nos transformamos, também vamos alterando perceptivas e evoluindo na nossa identidade e reconstrução deste nosso Ego, que estava mesmo a precisar deste grande restauro.
Felizmente que estamos rapidamente a aproximarmo-nos do fim de semana que será passado em Sesimbra, na paz e na tranquilidade habitual e como sempre com um reforço do nosso SORRISO que se vai tornando cada vez mais forte e luminoso.
PS: é curioso como determinados comportamentos doutras pessoas me deixavam esfrangalhado e agora apenas indiferente e analítico em relação às causas e fundo de alguns comportamentos negativos ou pretensamente acusatórios. Que grande transformação!

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