segunda-feira, dezembro 16, 2013

Contrastes

Estamos na ultima semana completa antes das festas natalícias, que se aproximam veloz e rapidamente... é assustador a velocidade com que o tempo passa por nós e por tudo aquilo que nos rodeia.
Ao alterar recentemente a minha fotografia no Facebook, constatei as diferenças existentes entre uma foto minha que adoro, onde tinha 18 anos e uma actual; a antiga foi tirada em Sines, numa altura em que me sentia francamente feliz e alegre com a vida, porque tinha descoberto o meu primeiro Amor e estava a desfrutar do meu primeiro namoro a sério, com a CC que, segundo tenho sabido continuou a sua vida em Lisboa, tem dois filhos e está actualmente divorciada.
A mais recente foi tirada em frente à famosa janela manuelina do convento de Tomar quando passeávamos pela zona o ano passado. Dum rapaz bonito, magro, com cabelo e pele brilhantes e olhar sonhador, passa-se para uma pessoa com pouco cabelo, pele quase sem brilho, com mais peso do que o devido e sem aquele olhar de adolescente na descoberta da vida.
Fez-me confusão essa tão grande diferença, sobretudo tendo em conta que são quase quarenta anos de diferença, ou seja, já ultrapassei mais de metade da minha vida e neste momento os projectos, os sonhos ou o que pensava na altura já foi ultrapassado; ou  consegui realizar esses meus sonhos e projectos ou passaram por mim e concretizei outros.
O que sei mesmo é a diferença abissal e profunda existente na maneira de ser e de estar desse Luís das fotografias. O jovem entusiasmado, sonhador, violento nas suas reacções e emoções para uma pessoa madura, bastante mais calma e em processo analítico para, finalmente, transformar e integrar aquilo que sou neste momento...
É uma vida que passa diante dos meus olhos e sobretudo da minha consciência porque a verdade é que tanta e tanta coisa ocorreu nestes (quase) quarenta anos, que tenho dificuldade em contextualizar todos os momentos, todas as emoções e a vivência tida.
Rapidamente posso falar em factos concretos, como sejam, o casamento, o nascimento d dois filhos, as duas licenciaturas, o ser medico dum centro de saúde e dentista na privada, a minha actividade docente e académica, os meus amigos, etc
Mas o que considero mais estranho e preocupante é a involução das pessoas, o menor grau de interesse e empenho colectivo, com uma enorme apetência pelo individualismo e muita falta de ética e princípios morais.
Acompanhei na minha actividade docente muitas e muitas gerações novas e verifiquei que cada uma era pior do que a anterior, com excepções como é evidente, mas cada vê mais mal formadas como pessoas e integradas na sociedade. Esse aspecto foi um dos que me levou a desistir da docência, que adorava mas que me absorvia imenso tempo e cada vez era mais desgastante. Para além das invejas e do péssimo clima existente na faculdade por sermos uma equipe activa, até com projecção internacional, trabalhos publicados e muitos dos assistentes em processo de doutoramento. 
É um dos males deste País a mediocridade, a incompetência e a inveja  de alguns prevalece muitas vezes no que queremos fazer e na actividade que desenvolvemos, na medida em que arranjaram logo forma de sermos convidados a sair e deixar os cargos livres para os amigos.
Mas voltando à tal diferença, fiquei abismado mesmo com o processo geral de envelhecimento, que sendo comum a todos nós diferencia-se em cada um de nós; assim uns ganham peso, perdem agilidade, ficam sem cabelo ou sem dentes e mais grave ainda começam com perda de memória, de concentração e até de interesse por muita coisa.
Felizmente que tenho ainda vontade de viver, de me sentir bem e sobretudo de tentar encontrar mais e melhor felicidade neste momento; sinto que poderei ter os ingredientes necessários para isso, faltando apenas neste momento uma melhor estabilidade económica, que me tem vindo a preocupar bastante.
Mas encaremos o futuro com mais optimismo e acreditemos nas nossas possibilidades e potencialidades para que o futuro possa ter mais e melhores SORRISOS e possamos encontrar os caminhos que queremos e ainda sonhamos.

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