domingo, dezembro 09, 2012

Crianças

Ontem foi um dia engraçado, pela espontaneidade das situações e pelo convívio salutar e verdadeiro existente. Ao sairmos do almoço, a nossa "sobrinha" MC não lhe apetecia ir para o Corte Inglês com os pais e quando lhe perguntamos se queria vir para nossa casa, disse logo que sim e despachada, deu-me a mão  e seguimos caminho.... cá esteve bastante entretida, com um comportamento completamente diferente do que tem quando está com os Pais, a fazer desenhos, a ver televisão e super entretida.
Quando lhe dizemos que o Pai e as irmãs vinham jantar, ficou com um SORRISO luminoso e sugeriu logo o que haveria de ser o jantar, que foi o que fizemos. O curioso é que assim que o Pai chegou ( a Mãe foi a um jantar de mulheres! ), mudou logo o comportamento para pior, tendo que a "ameaçar" que não voltaria, senão se continuasse a portar bem.
E foi o suficiente para retomar o seu caminho, ter jantado muitíssimo bem e de seguida se ter aninhado no sofá e ter, tranquilamente, adormecido até se ir embora.
A nossa B e a Mãe também cá vieram jantar, tendo ontem achado-a mais triste e agressiva, que é uma das caracteristicas dela quando não está bem consigo mesma. É natural que assim seja, porque neste momento é um ciclo que se fechou e que se arrumou, sendo necessário um tempo de "luto" para assimilar a situação e sobretudo aceitar esta nova condição.
Apesar desta separação ter sido precipitada em parte por uma conversa que tivemos os quatro, acho que foi melhor ter sido agora e neste momento do que prolongar um relacionamento que não tinha já alicerces ou vontade de ser cimentado. Do que conheço do RL, é uma pessoa insegura, imatura e sobretudo com uma enorme necessidade de ser valorizado e de conhecer novas realidades e novas pessoas. Não é pessoa que se adapte a obrigações, família e tudo o que se relacione com esta realidade, pelo que as primeiras impressões que tive dele, se confirmaram ao fim destes anos todos.... e é melhor que seja agora do que mais tarde, para que ela possa retomar a vida e seguir em frente.
Ainda voltando à MC, aconselhei uma psicoterapia para os ajudar a ultrapassar esta fase difícil, porque a sucessão de filhos em tão curto espaço de tempo é sempre problemática e deve ser orientada e aconselhada por especialistas, tanto para as crianças, como para os Pais.
Lembro-me de que, quando me separei e os meus filhos eram crianças, tinha grandes dúvidas e receio de ficar com eles porque não sabia o que fazer e como fazer, na medida em que tinha alguma dificuldade em lidar 24 horas com duas crianças. Uma coisa é estar com crianças algum tempo e depois passá-las a quem de direito e outra coisa é ter que gerir e tratar de dois filhos, sem nunca ter estado habituado e sempre ter confiado na Mãe. Foram tempos difíceis mas ao contrário do que me disse o meu irmão FJ, sinto que dei o que pude ao meus filhos e sobretudo que formei dois seres excelentes e que até sobressaem no conjunto da família, pelo que estão a conseguir e a fazer.
Por isso, não posso ter assim falhado tanto, porque se assim fosse eles estariam doutra forma e não como estão; é evidente que os meus irmãos me ajudaram imenso nessa fase e também é evidente que tentei fazer tudo aquilo que pude, sabendo que em relação aos meus filhos comecei a lidar muito melhor com eles quando atravessaram a adolescência.
O curioso é que, dum modo geral, tenho uma excelente comunicação com as crianças, mas sempre dentro dos meus parâmetros e limites, sabendo que a partir duma certa altura os posso devolver à procedência.
Termino por hoje, reproduzindo algo que li do meu "amigo hipnotizador" e que achei bastante bonito:
 "Por isso recomeço sem cessar a partir da página em branco
E este é meu ofício de poeta para a reconstrução do mundo"
Sophia de Mello Breyner Andresen
Recomeçar, evoluir na continuidade, passar para uma nova etapa, entrar num outro nível, ascender, expandir, reerguer, começar de novo, semear, abrir os olhos, levantarmo-nos, sorrir quando pensamos naquilo que nunca iremos conseguir fazer e fechar os olhos...para os abrir pensando que o impossível afinal...não é tão impossível assim.
A cada dia que acordamos, a cada tarde ou manhã, a cada semana que começamos, a cada mês, a cada ano ou a cada século, o tempo pára para nos agarrar nos ombros e sacudir-nos, enquanto nos diz com um sorriso: FAZ !
E nesse momento ou o olhamos nos olhos e lhe sorrimos de volta, com todo o nosso ser, ou inventamos desculpas baseadas nas experiências dos cansaços e frustrações. Esquecendo-nos das contas justas que devemos fazer...porque das coisas boas, das vitórias e dos sucessos parece não rezar a história fácil de nós.
Lembramo-nos sempre de outras fáceis histórias de lembrar: dos cansaços e dos insucessos.
É por isso que quando viramos a cara ao tempo que nos diz num sorriso: FAZ! - o que fazemos mesmo é virar a cara às coisas boas que ainda temos para fazer, aos sucessos, às vitórias, aos bons momentos e aos outros sorrisos que nos enchem de luz - por dentro e por fora, no agora e no futuro.
Mas especialmente neste agora que nos sacode num sorriso, neste agora que parece ser um bom (ou ainda melhor) momento para a acção, custa muito fechar portas, janelas, cortinas, sorrisos e virar a cara ao tempo que nos diz olhos nos olhos:
FAZ !

E é com um grande SORRISO que também digo FAZ, sê capaz de DAR e de contribuir para o bem estar individual e colectivo, na certeza de que, neste Universo, vivemos num circulo que devolve aquilo que soubermos FAZER e DAR sempre com um enorme e luminoso SORRISO.
 

Sem comentários: