sexta-feira, outubro 29, 2010

Evolução e Condição Humana

Dia cinzento, de chuva intensa e mesmo de Inverno. Gosto destes dias, principalmente se puder estar à lareira, a dormitar, a ler um livro simples ou a conversar, como vou fazer em Sto André, para onde devemos ir este fim de semana prolongado. Ao contrário de muita gente, gosto de chuva, frio e dias cinzentos porque é mais fácil defendermo-nos deste tempo do que do calor e sol excessivo, para além de que é o tempo habitual desta época do ano.
Só que também o tempo já não é o que era porque ora está um calor imenso, ora está uma chuva tremenda, inundações, temporais e uma inconstância permanente do clima que é devido, segundo alguns à acção do homem e segundo outros à evolução própria deste planeta. Parece que ao longo dos milhões de anos que  a Terra tem, houve sempre esta alternância de subidas e descidas de temperatura, pelo que talvez estejamos a assistir a fenómenos normais do desenvolvimento e vida da Terra. Ainda não estamos na posse de todos os conhecimentos, nem nunca iremos estar porque, quanto a mim, há-de haver sempre algo desconhecido para a humanidade e quando falo nisto, lembro-me sempre do filme " 2001, Odisseia no Espaço", porque durante muito tempo me interroguei acerca do significado da porta que surge ao longo do filme e descobri que representa precisamente o desconhecimento do homem e a nossa falência em tudo conhecer.
Efectivamente assiste-se a saltos qualitativos do conhecimento humano e cada vez mais vamos percebendo muita coisa, mas há sempre, e haverá sempre, elementos que escapam e escaparão ao conhecimento humano porque, para mim, é impossível sabermos tudo de todo. Ou seja, é esta busca pelo conhecimento que faz mover o homem e que nos faz evoluir cada vez mais e nem sempre no caminho certo. Acredito que há um programa determinado ( por quem ?? ) na evolução da humanidade porque há descobertas e evoluções simultâneas e conjuntas que me fazem pensar assim , como se tivessem que acontecer determinadas coisas numa dada altura.
Na minha área, medicina, a evolução é espantosa, na medida em que quando terminei medicina e já lá vão perto de 30 anos, havia técnicas de que falámos como sendo de futuro e que são neste momento a rotina de todos nós e mesmo nalguns casos, já estão obsoletas e quase a serem ultrapassadas por outras técnicas.
Mesmo em medicina dentária, também já com 20 anos de formação, houve uma evolução na abordagem do doente mas não tão grande como na medicina, uma vez que as técnicas são as mesmas, os materiais também quase os mesmo e as soluções praticamente iguais, se bem que se generalizaram mais algumas técnicas, antes apenas utilizadas em casos muito restritos. Fala-se em grandes evoluções, como a utilização das células estaminais na nossa área, vacinas contra a cárie e certas doenças periodontais, o uso rotineiro do laser, mas a verdade é que ainda está tudo em estudo e análise sem aplicação prática. Também porque muito destas coisas têm custos proibitivos nos tempos que correm.
A evolução da espécie humana é na verdade enorme e fabulosa em muitos aspectos, mas resta ver se estamos no bom caminho ou se pelo contrário, caminhamos numa rota de colisão e de destruição, uma vez que os sinais são contraditórias nesta nossa caminhada. Por um lado toda a evolução positiva e concreta na melhoria da vida das pessoas e por outro lado, catástrofes naturais de cada vez maior dimensão, contrastes humanos enormes de grandes desníveis, com o acentuar das diferenças abissais entre todos e entre países ricos e pobres, países num crescimento uniforme e crescente com a melhoria inigualável das condições de vida e outros em que a violação dos direitos humanos e as condições de vida são infrahumanas e inerranáveis.
Olhamos para o Brasil e vemos um país em franco crescimento positivo com a certeza de que daqui a uns anos estará na frente do mundo, para a China que avança a passos largos para uma grande economia, mas presa nos seus dilemas políticos e de vivência numa ditadura, e no outro lado temos países como a Birmânia, a Coreia do Norte, o Haiti em que as condições de vida são terríveis, difíceis e não têm nada a ver com esta enorme evolução humana. Quanto à Europa, somos um continente antigo, com acesso às melhores tecnologias e conhecimento e somos também um continente envelhecido, gasto e sem ideias fortes e de projecção no futuro
Por isso nem sempre a evolução dos conhecimentos se traduz na melhoria da vida das pessoas porque na verdade não sabemos ainda resolver o dilema duma melhor vida, com mais qualidade e autenticidade, dentro deste quadro de dificuldades e de "depressão" mental e económica.
Ou seja, somos cada vez mais pequenos perante a dimensão deste planeta e a universalidade em que nos movemos, não estando ainda adaptados a estes novos tempos e desafios que enfrentamos. Temos que pensar global e duma forma que ultrapasse as barreiras físicas do nosso ambiente natural, para podermos seguir em frente e principalmente melhorar as condições de vida de todos nós.
Se fosse mais novo, emigrava para bem longe da Europa e ia tentar a minha sorte no Brasil, na Austrália ou quem sabe algures onde houvesse outras oportunidades, para fugir da mediocridade deste País e ter a possibilidade de construir um futuro melhor com mais força e esperança, que é algo que nos falta de todo.
Ir para um País novo, reconstruir toda uma vida e saber que do nosso esforço, energia e vontade poderia resultar numa vida melhor, mais salutar e dinâmica seria o preço a pagar pela ausência física do nosso pais que continuamos a amar, mas que também nos faz sofrer bastante nesta hora tão difícil da sua história. Ou seja, as saudades - tipicamente portuguesas - seriam recompensadas pela esperança da vida e pelo optimismo no futuro.
Hoje parece que estou a flutuar no espaço e a ver a terra ao longe como se vê nos filmes, com as suas manchas de águas, os continentes, as cidades e os enormes espaços vazios. É a imagem do google earth que me aparece agora e que que me parece visionar neste momento. Estou fora deste mundo, bem no alto a olhar para a humanidade e a ver a sua evolução, feita de contrastes e de sobressaltos, a caminho de algo que nos é completamente desconhecido, mas que queremos certamente conhecer e dominar. Gosto desta sensação de leveza e de intemporalidade que me faz "fugir" desta realidade e que associei neste instante ao que senti na grandiosidade da catedral de Santiago de Compostela e mais recentemente junto das pirâmides de Gizé. Ou seja, a grandiosidade do Universo, o seu imenso mistério que ainda permanece na sombra, que nos faz ver a nossa pequena dimensão e insignificancia perante este imenso mundo e do nosso desconhecimento acerca de tanta e tanta coisa. EM Santiago de Compostela senti a presença de "ALGO" que me ultrapassava, duma entidade divina ou cósmica ou como queiram chamar e nas pirâmides senti igualmente esse enorme poder e a força dos homens que, quando, verdadeiramente empenhados numa obra e projecto são capazes de transcender a sua própria condição e legar à humanidade obras duradouras e imortais.
Parece que estou com vontade de "sair" desta vida difícil e complicada e pairar acima de tudo e de todos, numa situação etérea e fluída como uma espécie de energia cósmica sem forma mas com uma imensa vontade de tudo resolver e solucionar neste imenso quadro terrestre e de contradições brutais.
Deve ser da chuva e do tempo, bem como de ser 6ª feira, bem como fim do mês que me dá para estas filosofias, pensamentos, associações e memórias, bem longe desta realidade negra e sombria em que nos movemos e que em cada dia que passa é bem mais evidente o esforço colectivo que temos e devemos fazer para ultrapassar as dificuldades e conseguirmos ser um PAÍS real e com possibilidades de progredir e dar a cada um de nós a vida com que todos nós sonhamos e queremos.
Fica este SORRISO cósmico, proveniente de muitos quilómetros luz da nossa galáxia, com uma energia e força enorme e ainda a esperança que sempre acompanhou a humanidade e os homens no seu grande percurso desde o seu aparecimento até à actualidade e que nos irá acompanhar sempre porque haverá sempre espaço para a esperança, para a FÉ e para a crença, uma vez que acredito que o conhecimento humano nunca explicará tudo acerca de tudo o que somos. Haverá sempre algo por explicar e por perceber para motivar os homens a ir sempre mais além e mais longe, até ao fim dos tempos.....

1 comentário:

planetafryo disse...

ora, em Espanha á um programa de Televisão chamado Redes, do cual eu sou fan. São entrevistas a científicos de muitas e diversas áreas e sempre faz me sorrir pois mostra o estado da ciencia hoje em día e amostra muita luz sobre a condição humana, a tecnología, e a ciencia, e fico muitas veces chocado e impactado pelas verdades descobertas, mas que estavan aí mesmo afrente. Até que dicem por qué acontecem certas coisas, por que reagimos de certas maneiras, eles contam e surprenden porque reconheces a razão de todos os seus razoamentos. Eu adoro. tenho a página enlaçada no meu facebook. e até podes descarregalo da blipo.tv, recomendo a toda gente, para abrir a mente. grande abraço.