quarta-feira, dezembro 02, 2015

Tristeza

Ontem foi um mau dia... mesmo bastante mau. Logo de manhã a notícia da morte dum amigo, companheiro duma das minhas mais antigas amigas que estava oncologicamente doente há muito.
E à tarde a notícia do falecimento doutra grande amiga, irmã duma igualmente grande amiga e colega de curso de medicina. Foram anos de convívio, amizade, festas, risadas e muita, muita alegria e camaradagem.
Foram duas notícias completamente diferentes, porque uma era expectável e poderia ter sido em qualquer altura e ainda porque a minha ligação era recente, mas a outra foi extremamente dolorosa e fez-me pensar em muita coisa, na vida em geral e em tudo o que ela envolve e significa.
Depois dum dia de trabalho, segui para a igreja onde ia haver uma missa de corpo presente acompanhada por todos os coros que este meu amigo dirigia e eram alguns, pelo que deviam estar perto de 200 pessoas a cantar. E a missa foi dirigida pelo padre Feytor Pinto de quem gosto particularmente pela sua abertura e maneira de ver o mundo.
A minha amiga A. estava bastante bem para as circunstâncias e foi comovente ver como há alguém que consegue reunir tanta e tanta gente na hora da sua despedida. Foi comovente.
Infelizmente que nem tudo poderia correr bem e tive um choque brutal com a forma como alguém que me é muito querido me cumprimentou. Senti-me um ser miserável, estranho e completamente fora do contexto o que me deixou - e ainda está a deixar - completamente de rastos. Ainda por cima depois disso tudo ouvi e ouvi coisas duma crueldade e brutalidade incríveis e de que não estava mesmo à espera.
Nada é imutável, nada é para sempre mas a compreensão, o carinho e a estima que temos são, para mim, valores cada vez mais importantes e que marcam toda a diferença. A forma como as coisas se passaram foram duma violência extrema para mim sobretudo porque eu sei que se há alguém que me conheça bem, é precisamente essa mesma pessoa.
Desde egocêntrico, egoísta, vítima e outros epítetos deste género eu ouvi e não percebi, não sabendo mesmo como consegui continuar a conduzir e a ter chegado a casa. Estou entorpecido, meio anestesiado e completamente inerte por tudo isto.
Estas mortes em simultâneo, aliadas ao facto de neste fim de semana ter sentido o " cheiro" da morte no tal almoço de família, foram demasiadas para mim e ainda por cima com esta atitude fiquei completamente derrotado, inerte e apático sem saber muito bem o que fazer e como fazer. Tenho uma vez mais que repensar toda a minha vida e aquilo que quero mesmo fazer.
Porque será que sou tão sensível e susceptível a este tipo de atitudes, a estes comportamentos que, como é evidente, podem e têm as suas razões e justificações mas que me deixam assim, desta forma e feitio. Talvez porque a sensação de perda está bem presente e é ainda bastante dolorosa. 
Mas temos de seguir em frente e perceber que a vida continua, mesmo sem vontade, mesmo sem animo ou força, mas que tem e deve continuar. Tenho de ir buscar o meu SORRISO ao meu interior e forçar-me a reagir e a seguir em frente porque só assim o meu crescimento se pode fazer é só assim conseguirei prosseguir a minha vida.
E nestes tempos que, para mim, costumavam ser de alegria, de ânimo e optimismo são, hoje é agora duma profunda magoa, duma tristeza imensa e sobretudo duma regressão a muito do que eu não queria mais. Mas não comando a vida nem muitas vezes consigo ainda controlar a minha própria forma de sentir que, em alguns aspectos, continua ainda a precisar de muita análise é muito trabalho interno.

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