sexta-feira, janeiro 17, 2014

Perguntas

É verdade que devo ser uma pessoa bastante complicada, contraditória e bastante difícil de compreender e aceitar. A minha visão da vida e do presente deve estar completamente errada e perturbada na medida em que pareço remar sempre contra a maré e nunca perceber o que me rodeia.
Será que sou assim tão obnubilado e estúpido que não perceba a realidade ? Será que os meus traumas e vivências fazem com que confabule com factos e sentimentos e não distinga a realidade da ficção? Será que não consigo Amar sem complexos, sem problemas e sem quezílias ?? Será que não demonstro o que sinto e por vezes sofro duma forma evidente ? Será ainda que deturpo e misturo sentimentos, factos e não consigo perceber o que se passa ? E será ainda que só consiga viver a magoar as pessoas que Amo ou será que a minha sensibilidade anda muito exacerbada ?
Perguntas e mais perguntas sem respostas fáceis, nem tão pouco um entendimento claro acerca do que posso ou devo fazer para mudar ainda mais tudo isto e não ficar nesta angústia e sofrimento quando lido com sentimentos e factos que me escapam e atingem aqueles que mais Amo no Universo.
É difícil gerir expectativas, querer melhorar e seguir em frente, em simultâneo com a realidade que temos e atravessamos que é francamente complicada e perturbadora para o equilíbrio de qualquer pessoa.
Acho, melhor sinto, que o meu caminho está a seguir uma nova rota e a principal dificuldade do momento é passar essa nova imagem e forma de estar, na medida em que aceito não ser nada fácil compreender a minha "nova" visão de vida, dos problemas e realidades. Gostava que me dessem oportunidade e tempo, que tentassem ver outro Luís, outra realidade e vontade de querer ser diferente e capaz de outros desafios e entendimentos. Gostava de não ser constantemente confrontado com actos e factos passados, mas sim com o que eu penso ser a minha nova postura. Desagrada-me a falta de confiança ainda existente, o permanente controlo dos meus passos, o não se perceber que se pode mudar efectiva e realmente... para dar mais consistência e força a qualquer relação tem que haver confiança, empenho e vontade, para além de se perceber se há Amor e Carinho entre as partes.
Este dia cinzento, chuvoso e em que tudo ficou branco pelo granizo que houve, também é um ambiente altamente negativo para um estado de espírito que não está nada bem, mas a verdade é que eu gosto bastante deste tempo e deste clima invernoso... hoje condiz com o meu estado nublado e escuro.
Penso muitas vezes se valerá mesmo a pena tentar perceber-me melhor e transformar-me ou se seria preferível ter deixado tudo na mesma, viver em permanente conflito interno e externo, em sofrimento e ser perceber a génese desse comportamento,bem como toda uma evolução de vida. Ontem soube que por volta dos 4 anos de idade pode-se ter uma amnésia chamada infantil, que apaga as nossas memórias ou as bloqueia e que dificilmente as conseguimos recuperar.
Certamente que tive esse apagão infantil, visto que uma das minhas grandes mágoas é precisamente não ter qualquer memória da minha infância... Talvez percebo agora os motivos e causas dessa amnésia e gostaria de ter acesso a ela. Pena não haver uma pen para carregar esses mesmos ficheiros, poder vê-los, apagar os desnecessários ou negativos e emendar os que fossem absolutamente precisos. Apagar, configurar bem como formatar o meu interior... era engraçado.
Li agora no FB algo que me achei mesmo fabuloso... " vou apenas guardar aquilo que posso levar comigo... afectos, viagens, lugares, sensações, sentimentos , pelo que quem  estiver interessado em levar objectos como roupa, malas, patos, etc pode sff contactar-me"
Simples e interessante fazendo-me lembrar o livro que leio nas minhas passagens pela casa de banho chamado " O Monge que vendeu o Ferrari", cujo protagonista também se despojou de tudo e foi à procura - e encontrou - da sua espiritualidade e objecto interior. Coisas de que gosto mas que ainda me transcendem...
Um enorme SORRISO neste dia invernoso, mas com a enorme Esperança de sermos felizes e conseguirmos levar os outros a acreditar em nós e a verem-nos doutra forma.

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