"Quem tem filhos, tem cadilhes..." é um provérbio bem antigo e com toda a razão de ser. Ontem, ou seja, hoje de madrugada o meu filho mais novo foi apanhado numa operação da polícia com um elevado índice de álcool no sangue, pois foi sair ontem para o Bairro e pegou no carro depois de beber. Ainda ontem ao jantar, lhe disse que não podia beber tanto e hoje acontece isto. Parece que estava a adivinhar qualquer coisa.
Mais do que zangado, estou triste com o sucedido e com a quebra de confiança nele, tanto mais que ontem tivemos uma conversa muito séria e adulta acerca da vida e de circunstâncias que o preocupavam, definindo uma estratégia e uma conduta futura. Agora vou pensar seriamente no que vou fazer para o castigar e deixar passar esta primeira onda de raiva e angústia.
A ter que acontecer, calhou hoje que é o dia em que acordo mais cedo e pude assim tomar as providências devidas, como enviar imediatamente o meu advogado para o tribunal onde ele vai ser ouvido e ainda também a Mãe, uma vez que não podia de maneira alguma faltar hoje ao SAMS. E também não o quero ver de imediato, para não me exceder, não lhe dizer nada que me arrependa depois ou chegar mesmo a bater-lhe, coisa que nunca fiz.
Também o Pedro já teve um "problema" de justiça por alegadamente ter entrado numa cena de agressão, mas foi ilibado e ficou com o cadastro limpo, pelo que foi apenas a preocupação e todos os incómodos e despesas que isto acarreta. Um dos castigos vai ser mesmo o pagamento integral de todas as despesas inerentes a este processo e a não ida à neve no próximo ano.
Nunca se pode ficar completamente descansado e esperemos que ele aprenda a lição, mas como me disse o meu advogado a ter que acontecer alguma coisa, antes no tribunal do que no hospital ou na morgue e, espantosamente isso fez-me diminuir drasticamente os meus níveis de raiva e zanga porque na verdade dentro do mau, há sempre pior e mais grave. E seria bem mais grave se ele tivesse tido um acidente ou algo assim, pelo que esperemos que fique de emenda em conjunto com o castigo que vai ter. Como vou escrevendo estes comentários, intervaladamente, já soube que a pena aplicada ao Fran vai ser obrigação de trabalho comunitário e inibição de conduzir durante alguns meses, faltando definir os meses a duração.
Hoje é dia de descanso de consultório porque não se trabalha, consequência da crise existente uma vez que há menos doentes e menos movimentos, apesar das sextas feiras já serem há muito dias fracos e com pouco movimento, tanto assim que só estou a fazer marcações para uma ou duas sextas feiras de cada mês. Vou dar uma volta e ver ainda os saldos, o que não é nada compatível com a crise e com o tempo de economia que devemos ter.
Pelas notícias já estou mais aliviado porque, principalmente, o que me custa é a quebra de confiança e dum sentimento duma certa "traição" que não gosto de sentir, ainda por cima depois dum jantar tão positivo como o de ontem, durante o qual conversámos muito seriamente. Tenho a sorte de ter dois filhos que, em maior ou menor grau, me têm dado muitas satisfações e apesar destes fait divers esporádicos, continuo a acreditar neles e a saber que vão ser certamente, pessoas responsáveis e equilibradas.
Como tenho dito, os meus filhos são a força motora da minha vida e irei continuar a fazer tudo aquilo que puder, mesmo que tenha estas desilusões ocasionais que são fruto da idade e da inexperiência. Não quero relatar aqui as minhas "aventuras" nocturnas mas a verdade é que também as tive. Eram apesar de tudo outras épocas e outros tempos e ele tem que estar consciente de que errou e que fez um enorme disparate.
Fica um grande SORRISO misturado a uma enorme sensação de alívio pela resolução desta "aventura" do dia, com a esperança de que lhe tenha servido de lição e que de ora em diante, se comporte nocturnamente duma forma mais adulta e responsável. Sei que deve estar bastante abalado porque sei também que ele não gosta de falhar perante o Pai mas tem que tirar as devidas conclusões. Um enorme SORRISO!
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