quinta-feira, fevereiro 03, 2011

Dias

Continuo interessadissimo na biografia que ando a ler acerca de Sá Carneiro, porque espelha a realidade desses anos loucos pós 25 de Abril e de todos os grandes problemas da altura. Se tivesse havido outro cuidado e talvez a orientação de Sá Carneiro, talvez não estivéssemos na situação em que estamos hoje, porque falta desde há muito, uma visão estratégica e orientadora que ele tinha, em conjunto com o Amaro da Costa.
Tenho (quase) a certeza de que se ele tivesse continuado vivo, com o seu projecto e os seus planos, Portugal seria hoje totalmente diferente, mais prospero, mais integrado e num caminho certo e de progresso.
É curioso ler episódios de que me lembro, recordar personagens da altura - e muitas já morreram - e ver muitas personagens desfilar pela memória, revendo situações bem criticas que se viveram nesses anos conturbados. Foram anos duma certa (grande) loucura e de anarquia e erros sucessivos.
São a causa principal de estarmos hoje, em 2011, como estamos porque foram cometidos tantos erros e caminhos mal percorridos, que não estruturamos devidamente o País nem o nosso presente/futuro. A verdade é que a partir da morte de Sá Carneiro, não houve nenhum líder do PSD com a sua estatura a não ser uns anos depois Cavaco, mas com muito menor dimensão política, social e intelectual na medida em que SC tinha uma visão definida e objectivos precisos e concretos. Foi um dos grandes senhores da política pós revolução, conjuntamente com os senadores da política portuguesa como Mário Soares, Álvaro Cunhal e Freitas do Amaral.
Fazem falta políticos dessa envergadura e estratégia, porque neste momento temos apenas pessoas que nunca fizeram nada mais do que politica e por isso completamente dependentes dela o que é profundamente errado. Pena não haver mais estadistas como os anteriores para, rapidamente, nos tirarem deste enorme buraco em que estamos. Parece que ligeiramente aliviados mas de qualquer forma, muitisssimo grave, tanto mais que continuamos com um governo autista e praticamente desaparecido em combate, comandado por um primeiro ministro irrealista, teimoso e arrogante.
Foram dias e anos de intensa vivência de que me recordo perfeitamente e durante os quais os acontecimentos se sucediam a uma velocidade estonteante até que o 25 de Novembro, veio acalmar os ânimos e repor as coisas como deve ser, com o afastamento definitivo da tomada do poder pelo PCP com o beneplácito da então URSS. Foram mesmo dias complicados, em que parte da classe politica se mudou para o Porto para aí estabelecer a capital de País e fazer face aos acontecimentos no sul. Felizmente que tudo se resolveu pacificamente, sem guerra civil nem guerra entre facções militares.
Guardei até há pouco tempo todos os jornais e revistas desse tempo, mas cheguei à conclusão que nunca os iria reler nem tão pouco aproveitar para qualquer coisa, pelo que me desfiz disso tudo e em simultâneo também deitei fora - e lamento agora - todos aquilo que ia guardando ao longo do ano, como bilhetes de espectáculos, postais, cartas, agendas, etc que constituiriam agora a minha vida na altura e que gostaria de rever neste momento. Também me desfiz - lamentavelmente - dos cadernos e apontamentos da escola primaria, liceu e faculdade porque na verdade não tinha espaço e nas sucessivas mudanças de casa e de vida, fui deitando fora essas recordações da minha vida. Agora tenho pena de o ter feito, mas não podia de modo algum ter mantido muitas dessas coisas porque eram perfeitamente inúteis, se bem que outras eram bem representativas do meu quotidiano na altura e disso tenho pena. MAs é assim a vida e já está feito.
Vou conversando com os meus filhos, o mais velho a integrar-se cada vez mais em Espanha e na sua vida com o seu percurso próprio e o seu amadurecimento. Apesar de nem sempre estarmos de acordo e de não compreender perfeitamente as suas opções, tenho que respeitar e sobretudo cumprir o que prometi, ou seja, dar-lhe um ano para resolver a vida e ver efectivamente hipóteses reais de trabalho e de instalação.
Quanto ao Fran, continua de férias em Andorra no seu ( e também meu ) desporto preferido que é, na verdade, o ski com a sua liberdade, a sua distensão e velocidade. Adoro ski e tenho pena de não o fazer regularmente como já o fiz, em que duas vezes por ano era sagrado ir para a neve.
Outros tempos que recordo com um imenso SORRISO, cheio de imagens e de momentos muito bem sucedidos e vividos destes tempos de que falo, no pós 25 de Abril e nas idas á neve. Bons tempos que aqui ficam recordados envoltos num grande SORRISO cheio de FÉ e de FORÇA.

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