sexta-feira, fevereiro 05, 2010

A madrugar

Sexta feira é dia de madrugar no SAMS porque estou neste momento a começar as consultas às oito da manhã e felizmente que me está a custar bem menos do que eu previa. Ainda por cima, quero mostrar aos que não me deram redução de horário que sou uma pessoa difícil de quebrar e que vou em frente até conseguir e poder. Se pensavam que ia ceder, que me ia demitir ou algo assim, estão redondamente enganados e terão que encontrar outros motivos para me mandarem embora. É a política geral de redução de custos, porque logicamente é mais fácil colocar pessoal novo à peça do que manter os médicos do quadro, com todos os seus direitos e descontos. É a vida...
Hoje dormi muito mal porque estou novamente preocupado, e muito, com a situação em que nos encontramos e ontem ao ouvir as notícias ainda mais alarmado fiquei, na medida em que estamos efectivamente de rastos e têm que ser tomadas medidas fortes, corajosas e muito duras para sairmos desta crise. Tinha falado na suspensão de subsídios ( de férias, de natal ) ocorridos nos anos 80 e ontem ouvi falar novamente disso, com redução de salários, congelamentos de progressões de carreira, etc, como sendo a solução para se conseguir resolver a gravíssima situação deste País. pelos vistos, as análises e opiniões dos analistas estrangeiros e das agências financeiras são arrasadoras e muitíssimo negativas e é forçoso haver um consenso interpartidário e um plano de salvação nacional. Senão corremos mesmo o risco de insolvência e de bancarrota com todas as consequências possíveis e imaginárias.E no meio deste cenário terrível, aparecem ameaças de crises políticas que são inconcebíveis e quanto a mim, apenas demonstram a grande vontade do primeiro ministro fugir quanto antes do governo, tal a gravidade da crise e da impopularidade das medidas que têm mesmo que ser tomadas. Vinha no carro e ouvi no carro que os funcionários públicos vão manifestar-se e fazer greve ou algo assim contra o congelamento dos salários e penso como é possível não se perceber que tem mesmo que assim ser e que já terem emprego garantido é uma benesse e uma sorte. Será que não é perceptível por estes senhores e pelos seus dirigentes a gravidade e o perigo em que estamos. Talvez mais valha dois ou três anos de grande contenção e rigor para salvarmos este pobre País, do que termos aparentemente tudo agora e no presente e hipotecarmos completamente o País e não termos futuro. Estou imensamente apreensivo e vejo um enorme negrume no nosso horizonte se nada for imediatamente feito para inverter a situação. Esperemos que haja bom senso e honestidade para, todos juntos, enfrentarmos o problema e darmos a volta, sendo talvez ocasião dos políticos se entenderem mesmo e do Presidente da República tentar juntar à mesma mesa os principais partidos do poder e obrigá-los a tomarem medidas certas e justas. Um governo de salvação nacional seria o mais lógico e correcto, com a tomada de medidas severas, draconianas e correctivas, mesmo que isso implicasse perda de direitos individuais, mas com a certeza de que a rota de colisão estaria a ser corrigida e solucionada.Sinceramente, ontem ao ouvir noticiários e a quadratura do círculo, entrei quase em pânico porque não sei como vamos viver e aguentar o barco este ano. O quotidiano é cada vez mais pesado e difícil e apesar de continuar a ter agenda cheia e muitos doentes, há cada vez mais flutuações no dia a dia, com desmarcações e faltas, o que tem forçosamente que acontecer pelo número imenso de desempregados que existe.Mas tenhamos esperança e tentemos ser optimistas, com a energia e a força necessária para mais uma vez vencermos esta imensa crise e finalmente chegarmos ao fundo do túnel, com mais capacidades, mais luz e sobretudo melhor futuro. Não já para mim mas certamente para os meus filhos e netos.Pelos vistos, hoje estou bastante pessimista mas a verdade é que estou preocupado com o futuro imediato e uma vez mais sem saber muito bem como poderei ter maior tranquilidade, uma vez que a minha única hipótese é trespassar ou vender o consultório e infelizmente ainda não o posso fazer, nas condições que me oferecem. Vamos ver como vamos lidando com este quotidiano e pensar em medidas de contenção.
Hoje vamos para Sesimbra passar estes dias, descansar e reflectir na vida, na certeza de que apenas com ENERGIA, FÉ e FORÇA conseguiremos ultrapassar estes dias, sempre com um enorme e quente SORRISO

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