sexta-feira, maio 16, 2014

Sindromes

Eis-nos novamente à porta do fim de semana... sexta-feira, ultimo dia da semana e o mais penoso por o iniciar demasiadamente cedo para o meu gosto. Começar às oito da manhã a ver dentes e pessoas é excessivo.... sobretudo depois de sessões analíticas complexas.
Na verdade, a percepção e entendimento do AA bem como a interligação entre nós são cada vez mais fortes e isso proporciona sessões intensas, benéficas e produtivas.
As temáticas consolidam o meu conhecimento dos factos, havendo uma progressão nas "pistas" que me são dadas. Ontem o AA falou-me do síndrome do coelho da Alice do País das Maravilhas, o que achei francamente delicioso... na verdade, o coelhinho sempre apressado, a olhar para o relógio e a dirigir-se para lado algum é paradigmático das pessoas que para esconder o seu vazio e ruído interno, se deixam enredar num imbróglio de enredos diários bastante compactos, precisamente para não terem tempo para reflectir ou perceber esse mesmo vazio.
Será um mecanismo de defesa existente em muitos de nós e que me é familiar, visto que assim vivi durante muitos e bons anos.... a intensa actividade profissional e académica a par duma vida pessoal e social descontrolada e quase num atordoamento constante faziam com que conseguisse ir vivendo sem grandes problemas ou consciência do que não tinha mesmo. 
É evidente que essa vertente tinha que falhar ou ruir noutros aspectos, entrando facilmente em depressão ou em negação, com as dificuldades dai inerentes e, infelizmente, sem conseguir sair desse ciclo vicioso, nem ter quem me alertasse para essa mesma vida.
Posso dizer que houve sempre uma pessoa que me ia dizendo algumas coisas e tentando travar os ímpetos mais negativos e a ela, FM, lhe devo também este apoio e ajuda que sempre me deu e continua a dar duma forma desinteressada e afectiva.
Hoje tenho a consciência da futilidade desses tempos, do enorme vazio dos dias e da falsidade dos sentimentos, das pessoas e da realidade. Sei que essa vivência me era necessária para chegar onde estou e para conseguir ver ambos os lados do espelho, visto que tendo termos de comparação é bastante mais fácil corrigir a trajectória e perceber para onde quero ir. Mas principalmente saber quais os caminhos ou trilhos que não quero mesmo e que estão completamente fora de causa.
Das milhentas pessoas que fizeram parte desse universo, quase todas estão, neste momento, fora da minha vida, sendo apenas uma reminiscência e uma memória mais ou menos distante, com quem vou mantendo (raro) contacto por via de Facebook. Não há qualquer vontade de encontros reais pela inocuidade do que vivemos; ou seja, as recordações desse passado pouco valor acrescentado têm a não ser pelas experiências vividas e pelas muitas frustrações acumuladas.
A vida é mesmo assim.... tudo tem os seus tempos, as suas oportunidades e uma vez mais constato que a minha vida, como certamente a de todos, é feita de etapas e de caminhos que vão surgindo na altura e tempo certos, cabendo-me intuir o que devo fazer e é melhor. Tenho tido a sorte de (quase sempre) encontrar as pessoas certas no tempo certo ou talvez, como diz o AA, esteja predisposto para isso nessas alturas, fazendo essa nuance toda a diferença. Poderia encontrar as pessoas e não me aperceber, passando elas por mim e não fazendo qualquer diferença, mas a verdade é que me habituei a contar até com isso, o que talvez explique em parte esta minha tranquilidade actual apesar deste futuro incerto que tenho à minha frente.
Espero, quero mesmo, um fim de semana tranquilo, calmo e pacífico com a oportunidade de descansar, ler e não ter qualquer preocupação ou programa pré estabelecido. Hoje tenho a tarde preenchida, mas sem grandes stresses ou correrias, como tem sido a constante nestes dias.
De facto, houve uma mudança completa e radical no ambiente do consultório pela extirpação das ondas e humores negativos; tudo é feito duma forma normal, sem os queixumes ou as altercações habituais e que ninguém conseguia fazer frente. Arrependo-me bastante de não ter posto cobro a essas atitudes mas cedo, mas a verdade é que o apoio era inexistente e acreditava que tudo ficaria pior. Felizmente que me enganei e que, pelo contrario, tudo corre melhor. Espero que se traduza também numa correcção da trajectória.
Um grande SORRISO para este fim de semana, bem como para todas as pessoas que, duma forma ou doutra, fazem parte do meu património afectivo, do meu passado e presente. Bem Hajam!


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