quarta-feira, maio 14, 2014

Inquéritos

Uma colega veio pedir a minha colaboração para um inquérito que está a realizar com uma aluna da faculdade acerca do nível de stress numa população médica e as suas consequências. Esperemos que, deste inquérito, surjam resultados fidedignos e realmente significativos. 
Há muito que penso que esta actividade e especialidade deveria ser considerada de alto risco, pelos níveis de stress a que estamos sujeitos, bem como pela sua especificidade que pode trazer bastantes prejuízos, ainda para mais aliado a esta situação de crise em que estamos.
Chamam-lhe síndrome de Burnout, que também é, curiosamente, um síndrome psicossomático existente na nossa área e que é bastante difícil de lidar, visto que está precisamente associado a questões psíquicas e raramente a problemas físicos, com a queixa repetida de ardor e sensação de queimadura da boca pelos doentes. Muitas vezes tem que haver um acompanhamento psiquiátrico.
Sei que, neste momento, precisaria de fazer uma reciclagem mais aprofundada mas não só a vontade é pouca como não vejo onde fazer essa mesma actualização. 
Muitos dos cursos e pós-graduações são feitas e dadas por alguns dos meus ex-alunos ou então colegas bem conhecidos, não me apetecendo estar sujeito ao escrutínio desses mesmos colegas, pelo que vou deixando andar e tentando apanhar o que posso com algumas leituras, visualização de casos clínicos e o que for surgindo.
Confirma-se que nos dias a seguir às minhas sessões analíticas, me sinto mais cansado, por andar a "abrir" gavetas escondidas ou mal arrumadas. Este arrumar de assuntos, mesmo em sessões aparentemente sem grande estória, deixam-me fatigado, com um sono mais profundo e concentrado. Não acordo durante a noite, nem há sonhos lembrados nem nada, apenas um maior cansaço matinal... trabalhar o inconsciente evidentemente que tem consequências, com maior ou menor peso conforme a fase em que estamos. E sinto que estou numa fase altamente activa e remexida, com bastantes evidências e descobertas... muitas delas muito novas, dolorosas e até estranhas.
Entretanto a vida continuam neste ciclo permanente e constante sem grandes alterações, nem novidades a não ser alguns contratempos em termos de saúde, mas esperemos que nada de grave. Novidades positivas dos filhos, manutenção do status quo do consultório, com a certeza cada vez mais evidente de que ou se alterará alguma coisa ou não me parece que seja mesmo para continuar. O problema mesmo é a grande falta de força anímica para mudanças ou transformações.
Felizmente que o dia a dia é, como sempre foi, uma incógnita, caracterizando-se pelo desconhecimento do que pode acontecer, pelo que, neste presente, deixei de me preocupar tanto com o dia de amanhã e tentar apenas vivenciar o melhor possível o dia de hoje. Ser Feliz e tornar os outros felizes é igualmente um bom lema que venho a aprender nestes últimos tempos, conjuntamente com a alteração de tantas e negativos padrões e compulsões existentes e que se vão tornando cada vez menos existentes e/ou transformados noutros.
Os silêncios, os vazios, as ausências já não são sentidas da mesma forma, pelo entendimento que vou tendo desses mesmos factos, bem como os meus velhos "compagnons de route" , a culpa, o remorso parecem ter ficado pelo caminho.... tento perceber e analisar as coisas, sem me sentir culpado ou com remorsos visto que nada faço para isso. A Verdade e a verticalidade permitem que consigamos estar em paz connosco, com a nossa consciência e também com os que nos rodeiam, num clima positivo e tranquilo que muito nos agrada.
Logicamente que nem tudo são rosas ou maravilhas, mas já não tenho aqueles períodos tão negros que tinha, em que me sentia praticamente sufocado e apagado do presente, com a plena sensação de que ou explodia totalmente ou implodia internamente, ambas sendo altamente prejudiciais e negativas. 
Felizmente que, como tudo na vida, surgiu um caminho alternativo e positivo que me está a permitir pôr-me em ordem e organizar as muitas e muitas gavetas por arrumar existentes nas minhas circunvoluções cerebrais, estando esse processo a ser efectuado lenta e progressivamente.
Um grande e sentido SORRISO neste mês de Maio, mês de Maria e das Mulheres em geral, com muita energia, força e principalmente bastante luz para o nosso caminho.

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