Cá estamos de volta à nossa rotina, com pouca vontade e pouco empenho. Ainda para mais, as alterações no SAMS são mais do que muitas.... este serviço está a expandir-se em todas as direcções, cada vez há mais caras novas e diferentes e nós, os mais velhotes, cada vez mais deslocados.
Pelo menos é assim que me sinto neste momento em que as minhas referências neste serviço se vão dispersando por diferentes locais de trabalho.
É evidente que para a minha maneira de ser e de estar, estas alterações deixam-me um sabor a abandono como não podia deixar de ser, visto ser o meu padrão habitual. Tanto mais que, não se sabia de nada e fui apanhado completamente de surpresa, o que ainda agrava mais essa sensação, quase tipo apunhalado pelas costas.
Este serviço está a expandir-se a uma enorme velocidade, sendo neste momento um dos maiores do País com todas as valências e a funcionar mais ou menos como deve ser.... apenas sinto e nada posso fazer contra isso, que poderia ser mais bem utilizado, mas dado o meu historial e passado nesta casa é mais do que natural continuar e acabar desta forma.
A verdade é que me sinto ultrapassado e a sentir já o peso da idade que, apesar de não ser ainda muita, tem assistido a mudanças enormes e cada vez mais depressa. A minha capacidade de adaptação já não é o que era e hoje, em que trabalho com uma assistente vinda duma das faculdade onde dei aulas, sinto o peso da nostalgia e desses tempos, em que éramos inovadores, transformadores de mensalidades e queridos pelos alunos que viam em nós um exemplo a seguir. Como em tudo havia os que nos odiavam e outros que nós amavam, o que ainda hoje se mantém, na medida em que nessa altura e acentuadamente, era o tudo ou nada. De qualquer forma, são bastante agradáveis as recordações desses tempos, se bem que também tenha havido muita coisa negativa.
Tenho que começar seriamente a encarar a eventual mudança de espaço e de local de trabalho, se bem que não tenha qualquer vontade anímica para o fazer, nem tão pouco espírito ou iniciativa, preferindo acomodar-me ao que tenho e assim ficar até me retirar.
É essa a minha grande vontade e interesse neste momento em que vindo de ferias, me deparo com todas estas alterações e diferenças que tenho que ir entranhando. Também estes últimos dias em que me vi confrontado com alguns "fantasmas" do passado obrigaram-me a uma gestão de sentimentos e emoções variadas visto que senti permanentemente uma grande dualidade entre o presente e as fragilidades existentes e notórias, mas com muitas das características mantidas, e o passado longínquo e recentemente psicanalizado.... estas diferenças fizeram-me "abanar" um pouco algumas das gavetas que eu pensava já estarem devidamente arrumadas e fizeram com que, por vezes, sentisse a necessidade de provocar reacções e comportamentos. E era conscientemente que o fazia.
Está retoma do quotidiano é difícil e custosa, porque me pareceu ter estado de ferias muito mais tempo do que, efectivamente, estivemos... pela variedade dos locais, pelo que fizemos e até pela grande diferença de temperaturas, tenho a impressão que estivemos fora imenso tempo e foram só e apenas dez dias.
Ainda por cima é uma semana comprida em que o sábado será também dia de trabalho, bem como todos os restantes dias mas tem que ser e assim será. Também as sessões analíticas parecem pertencer a outro campeonato e a outra época, sendo amanhã o seu reinício. Parece-me estar bem longe dessas reflexões e nem sei bem da minha vontade em continuar.
Claro que o farei mas também aqui, com as alterações que vai haver e a minha adaptação ( forçada) aos novos hábitos e técnicas, faz com que me sinta e continue a sentir algo perdido e ainda não completamente refeito das novidades, nem completamente entranhadas essas mesmas alterações. Sinto-me hoje numa espécie de limbo, em que não se tem um papel definido ou empenhado, mas antes se está numa amálgama de sentimentos, sensações e emoções.... não sei bem o que me falta, mas sei que algo está ausente e talvez a tentar emergir do subconsciente. Temos que dar tempo ao tempo e prosseguir a análise e tentar aproveitar ao máximo as sessões presenciais antes de iniciarmos o novo método de trabalho.
Curiosamente ( ou talvez não) dói_me ligeiramente a cabeça e tenho uma enorme vontade de me escapar, apesar de não saber exactamente para onde e como. Tenho, devo dar uma volta diferente na vida e na forma de estar, bem como tentar diversificar a actividade profissional. Esse é um dos problemas visto que me parece estar ocupados todos os nichos de mercado em que penso e os outros que eventualmente surgem envolvem um envolvimento financeiro de que não disponho. Esperemos e aguardemos para que algo apareça como tem sido a regra da minha vida, esperando que desta vez assim também o seja.
Um grande SORRISO, meio preguiçoso e lento, nesta primeira segunda-feira do mês de Maio, e neste primeiro dia de trabalho com tantas alterações e mudanças inesperadas e que me fazem sentir algo perdido.
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