domingo, novembro 04, 2012

Domingo

Ontem, cumprimos o nosso programa de festas, começando pela ida a uma consulta das lentes contacto no Oeiras Park, tendo encomendado outro tipo de lentes para ver quais as que melhor se adaptam ao meu caso.
Tendo feito tantas asneiras no uso das lentes de contacto, em que prolongava para além do imaginário, a duração da sua utilização, chegando a usar meses as mesmas lentes que apenas deveriam ser usadas durante duas ou quatro semanas, cheguei à situação actual de apenas as poder utilizar esporadicamente.
Gostaria imenso de as poder utilizar mais vezes e todos os dias, mas já estou convencido de que apenas as poderei colocar em determinadas ocasiões devidamente escolhidas.
Demos uma saltada à Casa da Guia, em Cascais, para a inauguração duma exposição de pintura duma pessoa com quem trabalhámos bastante, quer na faculdade, quer no consultório e que actualmente, desistiu da sua formação de higienista oral e passou para o campo artístico e da pintura. Tem um estilo próprio, naïf, com um traço curioso e caracteristico, mas de forma alguma o meu género de pintura. Gostei de a rever e tive pena de não ter estado mais tempo, mas tínhamos que ir para a festa de aniversário da Beatriz, que festejou o seu primeiro ano de vida.
A festa foi em casa dos avós em Caxias e, como habitualmente, reencontramos pessoas que apenas encontramos nestas festas e com quem vamos tendo as tais conversas de ocasião e de circunstâncias. Vão-se confirmando alguns factos que nos parecem evidentes.
Por um lado, o reforço da Amizade e dos laços que nos unem a determinadas pessoas e famílias, com quem vamos tendo mais afinidades e ligações e que têm uma postura na vida e na sua forma de ser que tem muitas afinidades com a minha.
Por outro lado, a confirmação doutras pessoas que não interessam mesmo nada, pela forma de estarem na vida, pelo evidente oportunismo e "interesseirismo" que evidenciam e que, portanto, conhecedores que somos dos seus passados e origens não fazem mesmo o nosso género.
Temos ainda aqueles que nos são indiferentes e que pouco acrescentam ao nosso dia a dia ou experiência, na medida em que pouco nos conhecemos e poucas oportunidades temos para isso.
Finalmente, apercebemo-nos de pequenas tensões e fricções que, quanto a mim, não prognosticam nada de muito positivo, na medida em que me parece que o cimento criado recentemente é demasiadamente frágil e pouco consistente. Receio bastante que haja alguma crise em pouco tempo ou então a criação duma vida dupla e escondida, o que também não é nada salutar.
Sem poder ou querer entrar em pormenores, senti uma grande ansiedade, nervosismo e desconforto duma das partes e da outra, uma certa ( grande) irritação, incomodo e até uma sensação de ausência, ou seja, de vontade de estar algures que não naquele local. Sinais e sintomas que evidenciam (ainda) um mal estar latente e/ou demasiada pressão aplicada fora de tempo e sem dar espaço para consolidar sentimentos, emoções ou razões.
Quanto a mim, não é possível inverter tão rapidamente determinados padrões ou sentimentos que se sentem e se têm e por isso, receio que a pressão demasiada e a angústia demonstrada não terá sido o melhor, porque, se calhar, teria sido melhor mais uns dias ou semanas de espera para se ter a certeza dos sentimentos e das razões e não um regresso , quase imposto pelas mais diversas razões e motivos. E precisamente estes motivos ou razões poderão não ser os melhores ou os devidos.
Espero estar enganado e não ter qualquer razão, mas também a pouca vontade evidenciada em se ter qualquer tipo de conversa ou esclarecimento, sendo caracteristico duma das partes, não o é da outra, o que pode também significar uma mudança de atitude ou comportamento, que não é muito favorável. Mas a vida é de cada um e cada um saberá ( ou não ) o que é melhor e o que deve fazer.
Não se pode é "ter sol na eira e chuva no nabal", ou seja, não é possível ter o melhor em dois sítios em simultâneo, pelo que se tem que cuidar das muitas vertentes que nos constituem e á nossa vida e adequarmos o nosso comportamento em todas essas facetas.
Somos, na verdade, multifacetados e pessoas com emoções, sentimentos, amores e ódios, mas essencialmente queremos ser pessoas rectas, verticais e directas em todas as ocasiões da nossa vida e sei que, neste momento, o consigo ser mais do que no passado pela aprendizagem contínua que vou tendo e pelo que a vida me vai ensinando.
Tenho pensado na inutilidade de muitas coisas que se fazem e que a nada conduzem a não ser a um certo desencanto e frustração, sobretudo no relacionamento com as pessoas e na forma de interacção entre as mesmas. Temos tido algumas mágoas com o comportamento de pessoas que, sendo extremamente importantes na nossa vida e passado, não conseguiram ultrapassar as suas limitações ( doentias, em muitos casos) e que se mantêm presas nos seus casulos e traumas vários.
Felizmente que, no reverso destas pessoas, temos a sorte e a felicidade de termos encontrado outras que nos dão, neste momento, a calma e a tranquilidade de que necessitamos.
Encontramo-nos em tempos conturbados e complicados, em que precisamos de refúgios e de bonanças no nosso dia a dia, para termos a capacidade de enfrentarmos as tempestades que existem e que se irão prolongando no tempo... temos que estar preparados e capacitados de que vamos ter pela frente dias ainda mais difíceis e complicados, pelo que devemos aproveitar todos os momentos possíveis de lazer e amizade.
Ontem o Pedro foi visitar um dos parques mais emblemáticos dos USA, o Yosemite national Park, a bastantes quilómetros de São Francisco e como é  evidente, veio extasiado e encantado. Acho que ele ainda não se apercebeu da sorte e do privilegio que tem em estar onde está, na melhor universidade do mundo e rodeado do que há de melhor.... ainda tem que aprender a controlar os seus medos, angústias e encarar a vida duma forma mais positiva e real, não se deixando arrastar pelos pequenos nadas que nos surgem a todos.
Olhando para o seu quarto de século de vida, é de constatar, no seu percurso, a extraordinária capacidade de adaptação existente e os muitos ambientes onde esteve, pelo que a riqueza destes 25 anos de vida é já enorme e fantástica. Ele deve olhar para tudo isso e perceber que tem potencial e força para estar, neste momento como em todos os outros, a construir a vida, a participar em acontecimentos únicos - como uma eleição presidencial a decorrer ou o furação Sandy, com o seu rasto de destruição - e a viver numa cidade única e certamente fabulosa.
Sobretudo o meu filho tem que acreditar mais em si próprio e saber que pode conquistar o mundo, porque tem capacidades e potencial para isso. Evidentemente que pode ser um caminho solitário e individual durante algum tempo, mas nada se faz sem alguns sacrifícios que são justificados pelos fins que se pretendem alcançar.
Tenho a certeza de que se eu tivesse optado para ir para fora em 1974/5 e feito o meu curso algures na Europa, também poderia estar noutra posição ou situação, mas a vida assim o quis e se tivesse seguido outros rumos, não teria o que tenho hoje e que me dá muita felicidade. Dois filhos maravilhosos, uma família fantástica, amigos verdadeiros e uma vida medianamente positiva e boa.
Hoje já vai longo o comentário, pelo que aqui fica o meu SORRISO tranquilo e relaxado duma manhã de domingo cinzenta e chuvoso, com um almoço ( de grão e mãozinha de vaca ) à nossa espera.

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