domingo, setembro 27, 2009

Dia de eleições

Hoje é dia de eleições legislativas e uma vez mais já fui cumprir o meu dever cívico. Constatei, com agrado, que a afluência me pareceu francamente superior ao dos últimos actos eleitorais, o que é, espero, bastante bom, não só porque demonstra que as pessoas estão empenhadas, como normalmente uma maior afluência significa melhores posições para o meu espectro político.
Desde 1974, que voto em todas as eleições, à excepção das últimas eleições europeias, uma vez que estava de férias na Irlanda, o que me vai impedir de algum dia me candidatar a presidente da república, porque um candidato a esse cargo tem que ter votado sempre.
Lembro-me com saudade das primeiras eleições livres que houve e do entusiasmo suscitado, tendo o costume de organizar sempre um jantar no dia das eleições para se ir comentando os resultados e discutido a situação. As noites eleitorais arrastavam-se pela madrugada, uma vez que os sistemas de apuramento eram muito demorados e só havia resultados certos bem noite dentro. Tive muitas decepções e nomeadamente nas eleições presidenciais, raramente fui um "vencedor" e sofri imensamente com as eleições entre o Mário Soares e o Freitas do Amaral, porque foram umas eleições muito disputadas, com uma elevada participação, uma enorme esperança na vitória e depois, uma derrota por poucos votos. Acho que nessa noite quase que chorei de frustração e ainda me lembro da péssima disposição dos dias subsequentes. Mas isso aconteceu a muitas e muitas pessoas, que sofreram bastante com essas eleições. Hoje, passados todos estes anos - e já devem ser pelo menos 24 anos - penso que o Mário Soares - pessoa de quem não gosto - até foi um bom presidente. Faço-lhe a justiça de o considerar um dos grandes deste regime, na companhia de Sá Carneiro, de Freitas do Amaral e de Cunhal. Foram dirigentes dessa fibra e desse valor que motivaram Portugal e lhe deram grandes desígnios, o que falta actualmente.
Hoje em dia, não temos políticos com essa dimensão e valor, capazes de motivar os portugueses e de os conduzir por caminhos seguros e válidos. A política está reduzida a fait divers e a golpes baixos, com a discussão de temas laterais aos que realmente interessam à maioria das pessoas. A montagem destas eleições pelas tais agências de comunicação, com a criação de factos e a não discussão do essencial, transforma estas campanhas em espectáculos vazios de conteúdo e á margem do que realmente importa. E infelizmente tudo serve para destruir e ganhar votos, ainda por cima com atitudes erradas do presidente da república no meio da campanha.
A emoção das campanhas e das noites eleitorais é, actualmente, praticamente nula e prova o desfasamento do cidadão comum com a Política e com a governação do nosso País, o que é lamentável e triste, uma vez que apenas do empenho e da vontade de todos, poderemos ter um governo capaz e devidamente funcional para nos tirar deste enorme buraco em que estamos.
Independentemente da cor político ou das nossas convicções, a verdade é que, quanto a mim, necessitamos de políticos com visão estratégica e com valores morais e éticos elevados, que dêem esperança a este País, força e empenho de todos na construção dum presente melhor e dum futuro cheio de possibilidades e duma vida realmente vivida. Sem ideais, sem rumo e sem liderança, dificilmente sairemos desta situação em que nos encontramos. Tenho pena que não tenha sido vista por todos os portugueses, uma entrevista na SIC, com o Medina Carreira, na qual ele dizia, preto no branco, que ou havia uma mudança radical na política e na economia real ou este País deixaria de ser viável num curto espaço de tempo. Nem se trata de TGV, aeroportos ou estradas, mas de conceitos estratégicos e de rumos definidos para sermos competitivos e principalmente viáveis. Este é um assunto que me preocupa imenso, porque me parece que a maior parte das pessoas não percebe a gravidade da situação. E sem ser por facciosismo, não perceber que apenas o facto do BE estar perto da esfera da governação ser o suficiente para agravar a situação e afastar qualquer investimento estrangeiro, porque é dos programas mais perigosos nestas eleições. Nacionalizar tudo e todos à boa maneira soviética é, para mim, o maior disparate político que pode haver e faz-me confusão como é que é possível tamanha adesão a estas ideias, tanto mais que nos debates havidos ficou claro a utopia dessas mesmas ideias e da impossibilidade real de as concretizar sem termos que abandonar os outros países e ficarmos tipo Coreia do Norte.
O dia das eleições é para mim, um dia especial e diferente, apenas porque somos livres e temos uma democracia; eu ainda vivi até aos meus 18 anos, no outro regime, com toda a diferença existente e que os que nasceram após 1974, não têm essa noção e a sorte de terem nascido já num País livre e sem qualquer tipo de censura ou perseguição. Daí a intensidade e emoção que ainda vivo estes dias eleitorais, a satisfação por ver a afluência às urnas e o empenho num resultado, que para mim, seja realmente bom para Portugal.
Espero sinceramente que destas eleições resulte um Governo capaz e apto de vencer os grandes desafios do futuro e que haja verdadeiro empenho na resolução dos problemas, de modo a que possamos ter esperança no futuro e vontade de, no presente, ajudarmos a construir esse mesmo futuro.
Neste dia especial, um grande e luminoso SORRISO, com a empenho duma boa votação e de que o futuro seja bem risonho e satisfatório.

2 comentários:

Anónimo disse...

Vitória do masoquismo!
Estamos todos tão zangados, injustiçados, humilhados, empobrecidos, endividados, esfomeados, idiotas, incrédulos e..... mas, gostamos!!!!!!!!!!!!
Hoje fui eu que me senti desiludida mas, com aqueles a quem ouço, diáriamente, as lamentações e lamúrias. Com o sr. pinto sousa, bateu no fundo e já não me pode desiludir mais.
Para os espanhois, foi um alívio e o sentido de dever cumprido. Também eles fizeram campanha!.
O compincha "chavez", está feliz e contente. Não é só ele que rouba a liberdade e sai vencedor. Tem seguidores por estas bandas.
Não concordo com o Dr. quando classifica o mário soares.
Para mim, foi um verdadeiro carrasco da democracia e consequentemente da liberdade.
Tem rabos de palha. É fanfarrão e ........Já se esqueçeu da forma inusitada como foi feita a descolonização? Tantos e tantos casos, uns conhecidos, outros escamoteados e outros vergonhosamente silenciados!
Não inclua, nunca, este personagem no mesmo lote do Dr. Francisco Sá Carneiro. É como o dia e a noite tenebrosa!
Estou muito triste.
Sorrisos branquinhos
A Cinderela

Fred disse...

Bom dia LP,

Realmente é pena que a adesão às urnas continue tão baixa. Mas acho que grande parte do problema reside na indiferença das pessoas perante os politicos. Grande parte das pessoas que não vota, acha indiferente quem ganha (PS ou PSD). pois têm politicas que são quase identicas. Se sentissemos que a democracia estaria em risco a adesão seria muito maior, como foi no pós 25 abril (as 1ªs eleições apenas tiveram 8% de abstenção!!). Relativamente ao Medina, podes ver todos as entrevistas dele à SIC na sic online ou no youtube. Um pouco radical, mas não deixa de colocar o dedo na ferida.
1 ab,
FF