domingo, abril 15, 2012

Emoções nos 25 anos do Pedro

Em primeiro lugar, hoje passam os 25 anos de vida do meu primogénito e para ele, um enorme e grande afecto e a vontade de que consiga realizar todos os seus sonhos e desejos. Quero que ele tenha tudo aquilo que possa ter e que consiga alcançar, na certeza de que, em grande parte, somos nós que construimos a nossa vida.
Em simultâneo com a alegria deste dia especial para nós, estou num momento da vida em que me sinto profundamente desanimado e triste, com uma grande carga negativa. Não quero, nem devo expor neste blogue os motivos desse desanimo na medida em que envolvem terceiras pessoas mas genericamente estou bem preocupado com a falta de empenho e de motivação existente e que constatei nestes dias.
Durante toda a minha vida, me empenhei na minha formação profissional e pessoal e mesmo com grandes sacrifícios pessoais e familiares e com custos evidentes nesses campos, consegui valorizar-me e melhorar fortemente a minha vida. Por isso, tento transmitir esses valores aos meus filhos e amigos porque considero que é a postura correcta na vida.
Fico desanimado e muitíssimo triste pela desmotivação e desinteresse que sinto e preso numa teia de sentimentos contraditórios por achar que devo fazer qualquer coisa e por outro lado não só não saber exactamente o que devo fazer e ainda por não ter neste momento as melhores condições económicas para o fazer.
Sinto que as minhas expectativas e esperanças desapareceram e que dificilmente se concretizarão, mas certamente que também estou a ser demasiado pessimista e descrente. A verdade é que, assim como acredito nas minhas intuições noutros casos, também devo dar crédito a este mal estar que sinto neste momento, com a intuição profunda de ser necessário intervir mais e melhor.
Também o facto de sempre se ter facilitado e feito tudo e mais alguma coisa, não ajuda a fortalecer a vontade das pessoas que pensam que tudo lhes é devido e que tudo é fácil, não havendo necessidade de se empenharem e de construírem o seu próprio caminho. Muitas vezes, o querermos fazer bem e proporcionar tudo aquilo que pudemos, pode ser contraproducente, uma vez que, se calhar, não estamos a deixar que as pessoas construam a sua própria personalidade e forma de estar na vida.
O equilíbrio na educação e formas de estar é bastante delicado e até difícil de gerir, mas como tenho já dito muitas vezes, não somos ensinados a educar os nossos filhos e a gerir os nossos sentimentos e emoções. Por isso, cometemos erros e excessos ou então faltas por defeito, mas sempre por AMOR e CARINHO, o que justifica muita coisa, mas não evita de maneira nenhuma os males que possamos fazer.
Temos que ter a consciência tranquila que fizemos e fazemos o  melhor possível e tentar sempre em cada momento da nossa vida, agir da forma mais correcta, mas evitando excessos - sempre prejudiciais - mas também deficits de atenção ou acompanhamento.
Como nota bastante positiva de hoje, é o facto de ter falado com o Fran - já regressado a Herzylia - que está com uma motivação, uma alegria e uma força de vida fantásticas. Andou pelo deserto de Negeve, onde pernoitou debaixo dum céu estrelado e lindo, passeou pela Jordânia, andou por Petra, civilização milenária e sobretudo encheu-se de entusiasmo, enriqueceu o património pessoal e está FELIZ. Fiquei muitíssimo contente e deu-me um imenso animo.
Fazendo uma brevíssima retrospectiva da minha vida, constato que fui um batalhador, um empreendedor e uma pessoa cheia de vitalidade e de empenho pessoal, mesmo com as muitas ajudas que tive e que foram sempre muitas, inclusive da Mãe dos meus filhos que sempre me apoiou totalmente e sem a qual não teria certamente conseguido muito do que sou e fiz.
Por isso, acredito que as pessoas construam o seu caminho, para o que devem ter a força, a vontade e o empenho devidos, baseados na sua personalidade e na sua história pessoal. Acredito fortemente nas nossas capacidades que, complementarizadas com a nossa envolvência, nos permitem dar os saltos qualitativos que todos nós queremos e desejamos.
Ontem, tivemos a jantar com amigos, talvez os nossos melhores amigos e estava a reparar na dificuldade que nós, pais, temos na educação e gestão dos nossos filhos. Um dos casais tem três meninas lindas, todas diferentes e com a sua própria forma de estar e é evidente que para cada uma delas, a resposta e reacção é diferente e a interacção com tudo isto é difícil e complicado. Saber gerir uma família, educar crianças, com as nossas emoções próprias, os nossos sentimentos, os defeitos e qualidades é extremamente complexo e subjectivo, na medida em que é sempre duma forma empírica que vamos moldando a educação que damos e transmitindo os nossos conceitos de vida.
Hoje, tenho a consciência de que fui, e bastante, um Pai ausente, o que lamento profundamente apesar de saber que tive muitas razões para isso e que o fiz também pelos meus filhos. Apesar disso, tenho uma excelente relação com ambos, mas talvez isso não seja suficiente para colmatar certas faltas havidas na infância e pré-adolescencia, períodos em que deveria talvez ter estado mais presente. Agravando esta ausência, agora consciencializada, está também o meu percurso pessoal e afectivo que certamente também não contribuiu muito para que em determinadas alturas eu pudesse estar mais presente.
Mas nós somos um somatório de factos, emoções e realidades e sei que fiz o melhor que sabia, me empenhei o máximo e que, sobretudo, ainda hoje faço tudo aquilo que posso e sei pelos meus filhos, família e amigos. Neste aspecto estou bastante descansado e tranquilo porque se, no passado, cometi erros, faltas ou omissões, no presente e tendo consciência disso, tento colmatar tudo isso e ter presente que talvez não soubesse fazer diferente nessa altura. E por isso não me poder culpabilizar
São sentimentos contraditórios, emoções muito sentidas e principalmente uma dor profunda pelo sofrimento e mal estar de pessoas que AMO com toda a minha força e que não consigo alterar para já. Entre a alegria dos 25 anos do Pedro, o entusiasmo do Fran e a Amizade dos meus amigos, que bem senti ontem, está também a tristeza contida por uma realidade que me preocupa e assusta imenso e que queria que, rapidamente, fosse alterada e ultrapassada. Pensava que teria dado todas as ferramentas possíveis, mas neste momento tenho medo de ter falhado numa das minhas obrigações basilares e fundamentais. Será que assim é ou estarei a empolar excessivamente um mau momento que será superado rapidamente, como espero.
Mas procuremos o nosso habitual SORRISO e façamos desse mesmo SORRISO a nossa força de hoje, neste dia especial em que passam 25 anos de vida do meu querido e amado filho primogénito. Para ele, um SORRISO muito especial e todo o meu apoio, AMOR e CARINHO



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