sexta-feira, novembro 07, 2014

De fim de semana

Pobres das Flores dos Canteiros


Pobres das flores dos canteiros dos jardins regulares.
Parecem ter medo da polícia...
Mas tão boas que florescem do mesmo modo
E têm o mesmo sorriso antigo
Que tiveram para o primeiro olhar do primeiro homem
Que as viu aparecidas e lhes tocou levemente
Para ver se elas falavam...



Alberto Caeiro, in "O Guardador de Rebanhos - Poema XXXIII"

De fim de semana prolongado e em família, temos a sorte de estarmos tranquilos e em Paz connosco e com o Universo. São estes pequenos nadas que, ao fazerem a diferença nos permitem crescer, aprender e sermos em cada dia melhores do que no dia anterior. 
Estamos aqui e agora, nesta sonolência bem vinda e purificadora do que somos e queremos ser. Percebemos que, como as flores, " nascemos todos os dias porque somos em simultâneo o passado, o presente e o futuro num todo e nessa perspectiva conseguimos entender melhor o que devemos e podemos fazer. Este silêncio exterior está de acordo com o cada vez mais presente silêncio interior, afastado dos ruídos de outrora e das acções impensadas e irreflectidas. 
Este silêncio propicia pensamento, reflexão e concentração nos nossos objectivos e no nosso dia a dia. O curso de Mindfulness que me pareceu de início muito primitivo é, apesar de continuar a achá-lo básico, interessante e estimulador de algo bastante importante para a nossa vida que é a concentração e a percepção do que realmente interessa é tem valor.
Podemos ter pensamentos positivos e outros desagradáveis, mas para todos devemos ter a reacção adequada e ajustada para que evitemos o sofrimento, a angústia e a culpa. Ou seja, se percebermos onde se localiza ou pode localizar fisicamente esse es pensamento e se aprendermos a lidar com essa sensação, mais facilmente também focaremos a nossa atenção em factos ou sentimentos concretos.
Ou seja, não podendo afastar o que nos desagrada, assim como também guardamos aquilo que gostamos e nos dá felicidade, podemos transformar essa sensação de incomodidade em algo que possamos controlar e gerir.
Sendo assim, a nossa vida e o nosso quotidiano podem ser totalmente diferente do que era com mais Felicidade e vontade de crescermos e de sermos em cada dia aquela flor que sempre nasce diferente em cada dia, mantendo, contudo, as suas raízes, lembranças e memórias.
Sendo nós um todo em nós próprios, então que consigamos gerir da melhor forma esse todo sem fragmentações, queixas ou intolerâncias que apenas produzem  mal estar, desagregação e a nossa própria desestruturação. 
Perceber como agimos, compreender os nossos pensamentos e deixar que tudo seja fluido como a corrente dum rio será talvez a melhor maneira de estar no nosso dia a dia. Neste momento e agora a minha percepção e aceitação das realidades é totalmente diferente da que tinha há uns tempos, bem como as minhas atitudes e acções também o são, visto que a nossa interiorização, o nosso processo de pensamento, de consciência e de lidar com o nosso Self e Ego também se alteraram.
E como foi para melhor, num patamar mais elevado de conhecimento podemos ficar com o nosso habitual SORRISO cada vez mais forte, mais consciente e sobretudo mais capaz de enfrentar o sofrimento, a culpa ou os remorsos duma forma bem mais positiva é capaz. Ou seja este nosso SORRISO permite-nos encarar a vida duma forma mais benéfica para nós e o nosso objecto interno, como ainda com todos os objectos externos que podem ou não ter importância consoante o que nós próprios decidirmos.

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