quarta-feira, abril 23, 2014

(De Novo) Cansado

Hoje acordei outra vez bastante cansado, com uma enorme dificuldade em levantar-me e prosseguir a minha rotina. Penso que estará relacionado e muito com a análise visto que, normalmente, fico assim quando a ando a fazer e mais ainda no dia a seguir.
Mexer nos circuitos neuronais e duma forma tão intensa como ontem, deve mesmo cansar e precisar dum certo tempo de carência para entranhar o que aconteceu... na verdade sinto que abri uma daquelas gavetas que estava bem fechada e escondida, estando neste momento a ser limpa e finalmente a começar a ser arrumada.
Foram/são descobertas duma grande intensidade, em que se misturam muitos e variados sentimentos, emoções e sensações, sentindo-me não só cansado mas também tranquilo e a saber que estou no caminho certo.
É evidente que a consciencialização destes padrões repetitivos e obsessivos, aliados aos muitos sentimentos contraditórios, deixam o seu rasto e a sua parte de destruição do existente e a substituição por outros padrões e outros rituais. Pelos vistos, tenho sempre esta necessidade para me sentir mais seguro e não me sentir "isolado" em mim mesmo. Isto é e explicando por outras palavras: o medo ou receio de nada encontrar dentro de mim e assim sentir o enorme vazio que julgo ter, é substituído por estes rituais e compulsões que, enganadoramente, me preenchem os tais espaços vazios. 
Nada mais errado e sem sentido, visto que não só tenho muita coisa dentro de mim, como tenho, devo aprender a viver com o que tenho e sou neste momento. Como ontem dizia o AA e citando um ensinamento budista "temos tudo para sermos felizes e fazermos os outros também felizes" . Se nos focarmos no que temos, no que nos rodeia e está ao nosso alcance, seria bem mais fácil atingir este estado de felicidade, mas será que é isso a única coisa que importa ou igualmente válido será também o nosso reencontro interior e sabermos exactamente quem somos e para onde podemos ir.
A conversa da felicidade é muito bonita, tendo a sua dose de utopia e de irrealidade, visto que sinto que, para além disso, ou ao mesmo nível deste sentimento, tem que haver um conhecimento imenso da nossa identidade e do nosso EU.... só assim conhecedores dessa verdade, poderemos tentar mesmo ser felizes e então termos tudo para isso.
No fundo é o que a maioria das religiões faz.... seja através dum Ente Superior, de Deus, de Buda ou outra divindade e sem menosprezar nenhuma nem querer fazer comparações, seja através da própria pessoa com as meditações, retiros, iogas ou outras técnicas ou atitudes a finalidade de todas elas é alcançar-se um estado d bem estar e de felicidade. Numas conseguimos na nossa vida terrena, noutras numa outra vida ou pós morte... para mim, é bem mais natural que seja nesta vida e neste campo, porque assim seria melhor para todos e a Humanidade certamente que ficaria bastante melhor e num caminho  mais positivo e benéfico.
Qual é mesmo a nossa finalidade, quais são os nossos objectivos e em que estádio estamos mesmo neste percurso ? Será que estamos isolados e sozinhos tentamos evoluir nesse sentido ou sem o sabermos estamos englobados num "projecto" global que caminha no mesmo sentido ? Será que a psicanálise é um dos veículos para atingir o nosso conhecimento interior ou apenas e tão só uma maneira de nos tranquilizarmos e de nos transformarmos em pessoas diferentes, mais sólidas mas não necessariamente mais felizes ?
Neste momento apenas sei, sinto que estou a criar novas raízes, a construir novos caminhos a caminho duma maior pacificação interna e dum conhecimento que preciso mesmo, para além de estar a aprender que o pensamento comanda a vida e não as acções impensadas ou irreflectidas.
Essas servem apenas, no meu caso, para esconder aquilo que não consigo encarar de frente e que tapo com essas mesmas acções, seguidas do tal sentimento de culpa e de remorso que me enchiam o meu vazio passado. Agora, não me sinto vazio e não tenho tanta necessidade de fazer ou cometer esses mesmos actos extremos porque já consigo pensar, reflectir e perceber muitas das minhas motivações, muitas das minhas falhas mas também muitos dos meus trunfos. Somos um somatório de tudo isso e devemos valorizar sempre o que temos de mais positivo.
Sejamos capazes de, com um grande SORRISO, continuar nesta caminhada, feita de avanços, recuos e paragens mas sempre em frente na descoberta da nossa real identidade e forma de estar aqui e agora.

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