terça-feira, janeiro 21, 2014

Desencontros

Não sei o que aconteceu hoje, mas a verdade é que apaguei inadvertidamente tudo o que tinha escrito no comentário de hoje.
Dizia e mantenho estar perdido num algo escuro, sombrio e opaco, situado entre montanhas muito altas e rodeado dum completo silêncio e ausência de pessoas... apenas ouvia o tic-tac das minhas engrenagens cerebrais.
Estes desencontros com as pessoas têm como denominador comum eu próprio, pelo que certamente terei que continuar na busca desse meu EU que me perturba tanto e me faz estar muitas vezes neste limbo de sensações e de emoções.
Tenho dois filhos que, com a sua personalidade e modo de estar e de agir, não se conseguem reencontrar nem fazer um esforço para isso, bem como outros que, regendo-se sempre por registos antigos, nem conseguem visualizar ou compreender qualquer mudança. 
Tanto mais que também eles têm tanto para analisar, perceber e compreende reacções e comportamentos. Estou cansado de atitudes menos correctas, de acções propositadamente erradas e talvez seja altura de começar a tirar conclusões e a fazer mais para se feliz e ainda me conseguir realizar.
É evidente que o foco tem que ser, forçosamente, as minhas contradições, traumas, vivências que não me permitem muitas vezes pensar e agir melhor, mas certamente que também daqueles que me rodeiam nem sempre há o melhor comportamento ou forma de agir. Cada vez mais me sinto neste imenso limbo, que associo ao tal algo frio, gélido mesmo que me vai levando para as profundezas. 
Tenho conseguindo manter-me à superfície! com algumas imersões esporádicas! provocadas quer por iniciativa própria quer causadas por factores e objectos externos que, ao perturbarem e influenciarem o meu equilíbrio! me fazem mergulhar nessas mesmas águas sombrias! apesar de calmas.... é um algo tranquilo, sem ondulações nem outro qualquer tipo de perturbação, comigo no meio dessa imensidão de água, sozinho e a tentar manter-me à superfície o maior tempo possível.
O sol não existe, mas sim nevoeiro e frio, muito frio e a solidão é pungente e dolorosa, sem ninguém para compartilhar a minha dor, os meus pensamentos ou mesmo ajudar-me a sair desta enorme superfície líquida.... associando esta imagem a uma das minhas regressões, que me deixaram bastante assustado, posso talvez dizer que esta massa de água representa o liquido amniótico em que estive durante a minha gestação e que, provavelmente, não terão sido tempos agradáveis.
A verdade é que estou, me sinto meio anestesiado perante uma realidade que muitas vezes não percebo, entendo ou até aceito, mas cuja percepção passa sempre pelo crivo das minhas memórias e recordações..
Sei perfeitamente e cada vez tenho maior consciência disso de ainda estar no preâmbulo da minha análise e não sei se a quero aprofundar, se ficar por aqui ou mesmo se me esquecer disto tudo, adormecer e acordar completamente recuperado e fora desta enorme massa de água que me ameaça afogar de vez.
São sentimentos contraditórios, visto que por um lado sinto-me melhor e em plena integração interna, com a tal (re)construção que dá título actual ao blogue e por outro lado, com estas sensações sombrias e muitíssimo estranhas, que me perturbam e até me assustam.
Parece que o meu EU vagueia algures por cima de mim e que me visualizo de cima, sem perceber exactamente o rumo ou caminho a tomar porque estando nesse limbo, não sei a direcção certa, se do Inferno, se do Céu. Estranho mesmo e excelente para ser analiticamente explicado mais logo, na minha sessão de inicio da semana.
Sinto ainda uma espécie de dissociação entre o existente na realidade e o que vai passando pela minha cabeça, percebendo perfeitamente que não estou perante nenhum surto psicótico, mas sim a tentar integrar tudo aquilo que me acontece e que nem sempre é fácil de o fazer.
Sendo o cérebro possível de ser comparado a um icebergue, porque a parte que vemos visível representa apenas uma ínfima parte do todo, tal como essas grandes massas de gelo, assim eu gostava de compreender mais da minha parte escura e mergulhado nesse tal lago que hoje me persegue em todos os segundos deste dia; o curioso é não me sentir apreensivo ou angustiado, mas apenas perdido, solitário e desorientado por não saber o rumo certo a tomar. Confuso ???
Claro que a confusão desta minha cabeça sempre foi uma evidência e é por isso que, neste momento, tento dar a volta o melhor possível, para que o SORRISO interno e externo seja verdadeiro e sobretudo luminoso e cheio de cor, fora deste enorme lago sombrio e principalmente gélido.
PS: não é preciso ser analista para perceber que talvez estas temperaturas negativas, representam a minha grande necessidade de afecto, amor e Carinho. Será mesmo ????


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